quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A partilha da África pelos europeus

O Continente africano limita-se ao Norte pelo Mar Mediterrâneo, ao Oeste pelo Oceano Atlântico e ao Leste pelo Oceano Índico. De uma maneira simplificada podemos dividi-lo em duas zonas absolutamente distintas: o centro-norte é dominado pelo imenso deserto do Saara (8.600.000 de km2), enquanto que o centro-sul, depois de percorrer-se as savanas, é ocupado pela floresta tropical africana.Esta separação geográfica também refletiu-se numa separação racial. No Norte do continente habitam os árabes, os egípcios, os berberes e os tuaregues (sendo que esse dois últimos são os que praticam o comércio transaarino). No centro-sul, ao contrário, habitam mais de 800 etnias negras africanas. Atribui-se ao atraso da África meridional ao isolamento geográfico que a população negra encontrou-se através dos séculos. Afastada do Mediterrâneo - grande centro cultural da Antigüidade - pelo deserto do Saara, e longe dos demais continentes pela dimensão colossal dos dois oceanos, o Atlântico e o Índico. Apartados do resto do mundo, os africanos se viram vítimas de expedições forâneas que lhes devoravam os filhos ao longo da história.Mesmo antes da chegada dos traficantes de escravos europeus, os árabes já praticavam o comércio negreiro, transportando escravos para a Arábia e para os mercados do Mediterrâneo oriental, para satisfazer as exigências dos sultões e dos xeques. As guerras tribais africanas, por sua vez, favoreciam esse tipo de comércio, visto que a tribo derrotada era vendida aos mercadores.
O tráfico de escravos
Durante os primeiros quatro séculos - do século 15 a metade do 19 - de contato dos navegantes europeus com o Continente Negro, a África foi vista apenas como uma grande reserva de mão-de-obra escrava, a “madeira de ébano” a ser extraída e exportada pelos comerciantes. Traficantes de quase todas as nacionalidades montaram feitorias nas costas da África. As simples incursões piratas que visavam inicialmente atacar de surpresa do litoral e apresar o maior número possível de gente, foi dando lugar a um processo mais elaborado.Os mercadores europeus, com o crescer da procura por mão-de-obra escrava, motivada pela instalação de colônias agrícolas na América, associaram-se militarmente e financeiramente com sobas e régulos africanos, que viviam nas costas marítimas, dando-lhes armas, pólvora e cavalos para que afirmassem sua autoridade numa extensão a maior possível. Os prisioneiros das guerras tribais eram encarcerados em “barracões”, em armazéns costeiros, onde ficavam a espera da chegada dos navios tumbeiros ou negreiros que os levariam como carga humana pelas rotas transatlânticas.Os principais pontos de abastecimento de escravos, pelos menos entre os séculos 17 e 18 eram o Senegal, Gâmbia a Costa do Ouro e a Costa dos Escravos. O delta do Níger, o Congo e Angola serão grandes exportadores nos séculos 18 e 19. Quantos escravos foram afinal transportados pelo Atlântico? Há muita divergência entre os historiadores, alguns chegaram a projetar 50 milhões, mas R. Curtin (in The Atlantic slave trade: A census, 1969) estima entre 9 a 10 milhões, a metade deles da África Ocidental, sendo que o apogeu do tráfico ocorreu entre 1750 a 1820, quando os traficantes carregaram em média uns 60 mil por ano. O tráfico foi o principal responsável pelo vazio demográfico que acometeu a África no século 19.
África Negra(colonização, escravidão e independência)

A partilha da África
A partir do momento que o continente africano não podia mais fornecer escravos, o interesse das potências colônias inclinou-se para a sua ocupação territorial. E isso deu-se por dois motivos, O primeiro deles é que ambicionavam explorar as riquezas africanas, minerais e agrícolas, existentes no hinterland, até então só parcialmente conhecidas. O segundo deveu-se à competição imperialista cada vez maior entre elas, especialmente após a celebração da unificação da Alemanha, ocorrida em 1871. Por vezes chegou-se a ocupar extensas regiões desérticas, como a França o fez no Saara (chamando-a de França equatorial), apenas para não deixa-las para o adversário.Antes da África ser dominada por funcionários metropolitanos, a região toda havia sido dividida entre várias companhias privadas que tinham concessões de exploração. Assim a Guiné estava entregue a uma companhia escravista francesa. O Congo, por sua vez, era privativo da Companhia para o Comércio e Industria, fundada em 1889, que dividia-o com a companhia Anversoise, de 1892 .O Alto Níger era controlado pela Companhia Real do Níger, dos britânicos. A África Oriental estava dividida entre uma companhia alemã, dirigida por Karl Peters, e uma inglesa, comandada pelo escocês W.Mackinnon. Cecil Rhodes era o chefe da companhia sul-africana que explorou a atual Zâmbia e Zimbawe, enquanto o rei Leopoldo II da Bélgica autorizava a companhia de Katanga a explorar o cobre do Congo belga.
O Congresso de Berlim
Atendendo ao convite do chanceler do II Reich alemão, Otto von Bismarck, 12 países com interesse na África encontraram-se em Berlim - entre novembro de 1884 a fevereiro de 1885 -, para a realização de um congresso. O objetivo de Bismarck é que os demais reconhecessem a Alemanha como uma potência com interesses em manter certas regiões africanas como protetorados. Além disso acertou-se que o Congo seria propriedade do rei Leopoldo II da Bélgica (responsável indireto por um dos mais terríveis genocídios de africanos), convertido porém em zona franca comercial. Tanto a Alemanha, como a França e a Inglaterra combinaram reconhecimentos mútuos e acertaram os limites das suas respectivas áreas. O congresso de Berlim deu enorme impulso à expansão colonial, sendo complementado posteriormente por acordos bilaterais entre as partes envolvidas, tais como Convênio franco-britânico de 1889-90, e o Tratado anglo-germânico de Heligoland, de 1890. Até 1914 a África encontrou-se inteiramente divida entre os principais países europeus (Inglaterra, França, Espanha, Itália, Bélgica, Portugal e Alemanha). Com a derrota alemã de 1918, e obedecendo ao Tratado de Versalhes de 1919, as antigas colônias alemãs passaram à tutela da Inglaterra e da França. Também, a partir desse tratado, as potências comprometeram-se a administrar seus protetorados de acordo com os interesses dos nativos africanos e não mais com os das companhias metropolitanas. Naturalmente que isso ficou apenas como uma afirmação retórica.
A reação dos africanos
A conquista da África foi entremeada de tenaz resistência nativa. A mais célebre delas foram as Guerras Zulus, travadas no século 19 pelo rei Chaka (que reinou de 1818 a 1828) na África do Sul, contra os ingleses e os colonos brancos boers. Entrementes, os colonizadores começaram a combater as endemias e doenças tropicais que dificultavam a vida dos europeus através do saneamento e da difusão da higiene. A África era temida pelas doenças tropicais: a febre amarela, a malária e a doença do sono, bem como da lepra. O continente, igualmente, ocupado por missões religiosas, tanto católicas como protestantes. Junto com o funcionário colonial, o aventureiro, o fazendeiro, e o garimpeiro branco, afirmou-se lá, em caráter permanente, o padre ou o pastor pregando o evangelho.Essa ocupação escancarada provocava amargura entre os africanos que se sentiam inferiorizados e impotentes perante a capacidade administrativa, militar e tecnológica, do colonialista europeu. Já na metade do século 19, o afro-americano Edward W. Blyden, que emigrara para a Libéria em 1850, descontente com a perda da auto-estima dos negros, proclamava a existência de uma “personalidade africana” com méritos e valores próprios, contraposta a dos brancos. E, imitando James Monroe, lançou o slogan “África para os africanos!”.Em 1919 reuniu-se em Paris, o 1º Congresso Pan-africano, organizado pelo intelectual afro-americano W.E.B. Du Bois. Reivindicou ele um Código Internacional que garantisse, na África tropical, o direito dos nativos, bem como um plano gradual que conduzisse à emancipação final das colônias. Conquanto que, para os negros americanos, era solicitado a aplicação dos direitos civis (que só foram finalmente aprovados pelo congresso dos E.U.A. em 1964!).O último congresso Pan-africano, o 5º, reuniu-se em Manchester, na Inglaterra, em 15-18 de outubro de 1945, tendo a presença de Du Bois, Kwane Nkurmah, futuro emancipador da Ghana, e Jomo Kenyatta, o líder da Quênia. Trataram de aclamar a necessidade da formação de movimentos nacionalistas de massas para obterem a independência da África o mais rápido possível.
A descolonização
A descolonização tornou-se possível no após-1945 devido a exaustão em que as antigas potências coloniais se encontraram ao terem-se dilacerado em seis anos de guerra mundial, de 1939 a 1945. Algumas delas, como a Holanda, a Bélgica e a França, foram ocupados pelos nazistas, o que acelerou ainda mais a decomposição dos seus impérios no Terceiro Mundo. A guerra também as fragilizou ideologicamente: como podiam elas manter que a guerra contra Hitler era uma luta universal pela liberdade contra a opressão se mantinham em estatuto colonial milhões de asiáticos e africanos?A Segunda Guerra Mundial se debilitou a mão do opressor colonial, excitou o nacionalismo dos nativos do Terceiro Mundo. Os povos asiáticos e africanos foram assaltados pela impaciência com sua situação jurídica de inferioridade, considerando cada vez mais intolerável o domínio estrangeiro. Os europeus, por outro lado, foram tomados por sentimentos contraditórios de culpa por manterem-nos explorados e sob sua tutela, resultado da influencia das idéias filantrópicas, liberais e socialistas, que remontavam ao século 18. Haviam perdido, depois de terem provocado duas guerras mundiais, toda a superioridade moral que, segundo eles, justificava seu domínio.Quem por primeiro conseguiu a independência foram os povos da Ásia (começando pela Índia e Paquistão, em 1946). A maré da independência atingiu a África somente em 1956. O primeiro pais do Continente Negro a conseguí-la foi Ghana, em 1957. Em geral podemos separar o processo de descolonização africano em dois tipos. Aquelas regiões que não tinham nenhum produto estratégico (cobre, ouro, diamantes ou petróleo) conseguiram facilmente sua autonomia, obtendo-a por meio da negociação pacífica. E, ao contrário, as que tinham um daqueles produtos, considerados estratégicos pela metrópole, explorados por grandes corporações, a situação foi diferente (caso do petróleo na Argélia e do cobre no Congo belga). Neles os colonialistas resistiram aos movimentos autonomistas, ocorrendo movimentos de guerrilhas para expulsá-los.Apesar da existência de 800 etnias e mais de mil idiomas falados na África, podemos encontrar alguns denominadores comuns entre os partidos e movimentos que lutaram pela descolonização. O primeiro deles é de que todos eles ambicionavam a independência, conquistada tanto pela vertente de radicalismo revolucionário ou através do reformismo moderado, que tanto podia implantar uma republica federativa como uma unitária.Em geral, os partidos optaram pelo centralismo devido a dificuldade em obter consenso entre tribos rivais. Esse centralismo é geralmente assumido pelo próprio líder da emancipação, (como Nkrumah em Ghana) pelo partido único (ou “partido dominante” como definiu-o Leopold Senghor, do Senegal) ou ainda, por um ditador militar (como Idi Amin Dada em Uganda, ou Sese Seko Mobuto no Zaire). A negritude (movimento encabeçado por Aimé Césaire, um poeta martinicano, e pelo presidente senegalês Leopold Senghor) foi também um ponto em comum, marcadamente entre os países afro-francofônicos, que exaltavam as qualidades metafísicas dos africanos. Finalmente todos manifestavam-se a favor do pan-africanismo como uma aspiração de formar governos “por africanos e para africanos, respeitando as minorias raciais e religiosas”.
Dificuldades africanas
Na medida em que em toda a história da África anterior ao domínio europeu, desconhecia-se a existência de estados-nacionais, segundo a concepção clássica (unidade, homogeneidade e delimitação de território), entende-se a enorme dificuldade encontrada pelas elites africanas em constituí-los em seus países. Existiam anteriormente na África, impérios, dinastias governantes, milhares de pequenos chefes e régulos tribais, mas em nenhuma parte encontrou-se estados-nacionais. O que havia era uma intensa atomização política e social, um facciosismo crônico, resultado da existência de uma infinidade de etnias, de tribos, quase todas inimigas entre si, de grupos lingüísticos diferentes (só no Zaire existem mais de 40), e de incontáveis castas profissionais. O fim da Pax Colonialis, seguida da independência, provocou, em muitos casos, o afloramento de antigos ódios tribais, de velha rivalidades despertadas pela proclamação da independência, provocando violentas guerras civis (como as da Nigéria, do Congo e, mais recentemente, as da Angola, Moçambique, Ruanda, Burundi, Serra Leoa e da Libéria).Essas lutas geraram uma crônica instabilidade em grande parte do Continente que contribuiu para afastar os investimentos necessários ao seu progresso. Hoje a África, com exceção da África do Sul, Nigéria e o Quênia, encontra-se praticamente abandonada pelos interesse internacionais. Os demais parecem ter mergulhado numa interminável guerra tribal, provocando milhões de foragidos (na África estão 50 % dos refugiados do globo) e um número incalculado de mortos e feridos. É certamente a parte do mundo onde mais guerras são travadas. Como um incêndio na floresta, encerra-se a luta numa região para logo em seguida arder uma mais trágica ainda logo adiante.De certa forma todos os povos pagam pelos seus defeitos culturais. Neste sentido o arraigado tribalismo africano é o grande impedimento para concretizar a formação de um estado-nacional estável. Enquanto as massas negras não conseguirem superar as rivalidades internas dificilmente poderão formar regimes sólidos, íntegros, que superem a dicotomia entre ditadura ou anarquia tribal. A grande geração que conseguiu a independência, homens como K.Nkrumah, Jomo Kenyatta, Agostinho Neto, Samora Machel, Kenneth Kaunda, Julius Nyerere, Leopold Senghor ou Nelson Mandela estão mortos ou envelheceram. Nenhum dos sucessores desses grandes homens, têm conseguido o respeito da população e o carisma necessário para manter seus respectivos países unidos. Em muitos casos eles foram substituídos por chefes dominados por interesses localistas e familiares, de visão estreita, sem terem o sentido de abrangerem o restante dos seus cidadãos. É hora pois dos líderes africanos pararem de jogar pedras sobre o passado colonial e assumirem a responsabilidade pelo destino dos povos que ajudaram a emancipar.

I guerra mundial - Guerra das trincheiras

TÁTICAS DE INFANTARIA



No início do séc. XX a maioria dos chefes militares dava uma grande importância à utilização da infantaria em ataques com baioneta apoiados pela cavalaria e por peças móveis de artilharia. Os oficiais franceses eram grandes adeptos desta táctica e, na 1ª Guerra Mundial, enviaram soldados para o campo de batalha sem equipamento adaptado às trincheiras. Diziam que as precauções defensivas eram desnecessárias se se fizessem ataques maciços e suficientemente rápidos.Estas tácticas foram postas em causa depois dos exércitos terem sofrido pesadas baixas em ataques contra trincheiras defendidas por metralhadoras. Apesar dos bombardeamentos que se faziam antes dos soldados avançarem, do uso de gás e de lança-chamas, a infantaria fracassou na Frente Ocidental nas batalhas que se travaram em 1915.Só em Amiens, em 1918, quando o coronel John Fuller conseguiu convencer o general Henri Rawlinson a usar 412 tanques de guerra seguidos por soldados e apoiados por 1000 aviões de combate é que os aliados conseguiram quebrar as defesas dos alemães na Frente Ocidental.

Depois da batalha do Marne em Setembro de 1914, os alemães foram forçados a retirar até ao rio Aisne. O Comandante alemão, General Erich von Falkenhayn, decidiu que as suas tropas deviam permanecer a todo o custo nas zonas que ainda ocupavam entre a Bélgica e a França. Falkenhayn ordenou que os seus homens cavassem trincheiras que lhes dariam protecção contra o avanço das tropas francesas e inglesas. Os "aliados" rapidamente perceberam que não conseguiam ultrapassar esta linha e começaram também a cavar trincheiras.
Depois de alguns meses estas trincheiras cobriam já uma área que ia do Mar do Norte até à fronteira Suíça. Como os alemães foram os primeiros a usar esta táctica, puderam escolher os melhores locais para fazerem as trincheiras. Isto deu-lhes vantagem e obrigou os franceses e os ingleses a viverem em piores condições. Grande parte desta zona estava a menos de um metro acima do nível do mar, por isso, não raras vezes, os soldados começavam a cavar e encontravam água. Trincheiras inundadas ou enlameadas eram um problema constante para os soldados da Frente Ocidental.As trincheiras tinham habitualmente 2,30 metros de profundidade e 2 metros de largura. Nos parapeitos das trincheiras eram colocados sacos de areia (os "parados") para absorverem as balas e os estilhaços das bombas. Numa trincheira com esta profundidade não se conseguia espreitar, por isso, havia uma espécie de elevação no interior conhecida como "fire step".As trincheiras não eram construídas em linha recta. Muitas eram perpendiculares de forma a que se o inimigo conseguisse tomar uma parte da trincheira, estava sujeito ao fogo das de apoio e das perpendiculares.As trincheiras eram protegidas pelo arame farpado e por postos de metralhadora (muitos deles de espesso betão armado). Cavavam-se também trincheiras pela "terra de ninguém" dentro para ouvir o que se passava na posição inimiga ou para capturar soldados e depois interrogá-los.

A TERRA DE NINGUÉM
"Terra de ninguém" foi o termo usado pelos soldados para descrever o terreno entre duas trincheiras inimigas. A distância entre elas variava, mas na Frente Ocidental era, em média, de 230 metros.A "Terra de ninguém" continha grandes quantidades de arame farpado. Nas zonas de onde se previam mais ataques podiam haver 10 barreiras de arame farpado antes da primeira trincheira. Em algumas zonas o arame farpado ocupava mais de 30 metros de espessura.Se fosse uma área sujeita a ataques constantes, a "terra de ninguém" ficava cheia de equipamento militar destruído e abandonado e de corpos que com o tempo entravam em decomposição. Era, juntamente com as trincheiras, território para ratos e doenças.Era muito difícil atravessar a "terra de ninguém". Os soldados não só tinham que evitar as metralhadoras e as explosões, como tinham que ultrapassar as inúmeras barreiras de arame farpado, os detritos de material destruído ou abandonado e as crateras cheias de água e lama provocadas pelas bombas.

GÁS VENENOSO

Os gases venenosos eram conhecidos muito antes da 1ª Guerra Mundial, mas os oficiais do exército mostravam relutância em os utilizar por que os consideravam uma arma incivilizada. O exército francês foi o primeiro a utilizá-los, quando no primeiro mês de guerra dispararam granadas de gás lacrimejante contra os alemães.Em Outubro já os alemães disparavam bombas com gás irritante. Começaram por usar gás de cloro. Este gás destruía os órgãos respiratórios e provocava uma lenta morte por asfixia.Era importante ter em consideração as condições atmosféricas antes de lançar um ataque com gás. Quando o exército britânico lançou um ataque com gás em 25 de Setembro de 1915, o vento soprou contra o rosto das tropas britânicas mais avançadas provocando pesadas baixas... Este problema foi ultrapassado em 1916 quando se começou a utilizar a artilharia pesada para lançar bombas de gás a grande distância.Depois do primeiro ataque alemão com gás cloro, as tropas aliadas eram abastecidas com máscaras de almofadas de algodão que iam sendo embebidas em urina. Tinha sido descoberto que o amoníaco das almofadas de algodão neutralizava o veneno. Outros soldados preferiam usar luvas, meias e cintos de flanela embebidos numa solução de bicarbonato de soda atados à volta da boca e do nariz até que o gás desaparecesse. Somente em julho de 1915 é que foram dadas aos soldados máscaras de gás eficientes e respiradouros anti-asfixia.Uma das desvantagens do uso de gás cloro era que, ainda que provocasse a morte, esta só acontecia bastante tempo depois e, entretanto, o soldado continuava em condições de combater. Por esse motivo começou-se a usar fosgénio. Apenas uma pequena quantidade impossibilitava o soldado inimigo de continuar a combater e provocava a sua morte em 48 horas.O gás mostarda foi usado pela primeira vez pelo exército alemão em Setembro de 1917. O mais mortífero dos venenos usados na guerra quase não tinha cheiro e demorava apenas 12 horas a produzir efeito. Este gás era tão potente que apenas pequenas quantidades precisavam de ser adicionadas às bombas para produzir efeito. Uma vez depositado no solo, o gás mantinha-se activo durante várias semanas.Foi estimado que os alemães usaram 68 000 toneladas de gás contra os soldados aliados, mais do que o exército francês (36 000 toneladas) e o exército britânico (25 000 toneladas) juntos. Estima-se que 91 198 soldados morreram em resultado de ataques com gás e 1 200 000 foram hospitalizados. O exército russo foi o que mais sofreu com este tipo de guerra com cerca de 56 000 mortos.

Cadê meu imosec ????


Nem cavalo (era uma mula), nem uniforme de gala (vestia roupa simples de viagem), nem um gritinho (muito menos um 'brado retumbante'). E foi no alto da colina - e não às margens do Ribeirão Ipiranga - que D. Pedro emitiu um desabafo declarando a independência do Brasil. Junto a ele, apenas dois mensageiros e os quatro cavaleiros que faziam "paredinha" enquanto mais uma vez se aliviava de uma diarréia fecunda causada pelas costelinhas de porco que comera na noite anterior em Santos, na casa dos Andradas. O Príncipe Regente fora medicado ainda no litoral, com uma mistura de água, farinha de mandioca e açúcar, mas a beberagem pouco adiantou. Durante a subida da serra pela íngreme Calçada do Lorena, em direção a São Paulo, debaixo de muita chuva, foram necessárias várias paradas para o jovem "obrar". Próximo ao destino, mandou que a comitiva o aguardasse adiante pois precisava novamente defecar. Foi para o alto do morro do Ipiranga, a mais de um quilômetro das "margens do Ipiranga" e estava de calças arriadas quando os mensageiros chegaram. Debilitado, sujo de fezes e de lama, leu as notícias, subiu as calças e disse aos acompanhantes que bastava, agora era ir contra Portugal ou morrer (primeira declaração). Foi então em direção à comitiva, que o aguardava no meio da encosta (ainda bem distante do ribeirão), e lhe comunicou formalmente a sua decisão, mandando que tirasse as fitas com as cores de Portugal que trazia em seus uniformes (segunda declaração). Não houve nenhum grito (só se foi pela dor de barriga) e nem as margens do Ipiranga ouviram nada, porque estavam longe. Isto não diminui a bravura de D. Pedro ao nos desvencilhar de Portugal, embora se saiba hoje que a nossa independência se deu muito mais por interferência velada de Dona Leopoldina que propriamente pelo esforço de seu marido, mas isso é outra história. D. Pedro I herdou de D. João a fraqueza gastrointestinal. Nas cartas que enviou à sua amante, Marquesa de Santos, cita por várias vezes seu problema. Numa de dezembro de 1827, ele conta: "Cheguei a casa, tomei a tisana (remédio) e obrei até agora cinco vezes e muito". Noutra carta, ele diz: "Eu não passei muito bem... depois obrei e agora estou perfeitamente bom...". Mas nem todas as cartas dele eram assim. Numa delas, de julho de 1826, dedicou um poema malicioso à amante: "Este lindo passarinho canta, brinca, pica e fura, mas quando torna a repicar, é mais doce a picadura." A Marquesa de Santos recebia notícias dos problemas coprológicos até das filhas do Imperador. Numa carta de setembro de 1827, ele relatava que a filha de ambos, Duquesa de Goiás, "tomou um purgante de óleo de mamona, com que obrou três vezes e deitou uma lombriga". Talvez receoso de que estivesse passando dos limites com assuntos tão grosseiros, D. Pedro se desculpou com a Marquesa, alegando numa correspondência de dezembro de 1827 que nele "a fruta é fina, posto que a casca seja grossa". Daí vem a expressão "casca grossa" para se referir a uma pessoa com pouca educação ou refinamento. Uma curiosidade é a famosa tela de Pedro Américo retratando a cena do Ipiranga, pois hoje sabe-se que quase tudo nela representado é falso e que se constitui num plágio sem-vergonha da pintura "1807, Friedland" de Ernest Meissonier. Pedro Américo já tinha sido acusado anos antes de ter copiado a "Batalha de Montebelo", de Appiani, para fazer a sua "Batalha de Avaí".



Veja no link abaixo como as telas do Ipiranga e de Friedland são muito semelhantes: http://www.constelar.com.br/revista/edicao46/urano5telas.htmEmbora menos espetacular, existe uma obra que retrata fielmente a cena do Ipiranga e que não é muito badalada: a tela de François-René Moreaux, intitulada "Proclamação da Independência", pintada em 1844, que está no Museu Imperial, em Petrópolis.