quinta-feira, 18 de dezembro de 2008



A celebração do Natal antecede o cristianismo em cerca de 2000 anos. Tudo começou com um antigo festival mesopotânico que simbolizava a passagem de um ano para outro, o Zagmuk.Para os mesopotânios, o Ano Novo representava uma grande crise. Devido à chegada do inverno, eles acreditavam que os monstros do caos enfureciam-se e Marduk, o seu principal deus, era preciso derrotá-los para preservar a continuidade da vida na Terra. O festival de Ano Novo, que durava 12 dias, era realizado para ajudar Marduk em sua batalha. A tradição dizia que o rei devia morrer no fim do ano para, ao lado de Marduk, ajudá-lo em sua luta. Para poupar o rei, um criminoso era vestido com as suas roupas e tratado com todos os privilégios do monarca, sendo morto levava todos os pecados do povo consigo. Assim, a ordem era reestabelecida. Um ritual semelhante era realizado pelos persas e babilônios. Chamado de Sacae, a versão também contava com escravos que tomavam o lugar dos seus mestres.


A Mesopotâmea, chamada de mãe da civilização, inspirou a cultura de muitos povos, como os gregos, que englobaram as raízes do festival, celebrando a luta de Zeus contra o titã Cronos. Mais tarde, através da Grécia, o costume alcançou os romanos, sendo absorvido pelo festival chamado Saturnalia (em homenagem a Saturno). A festa começava no dia 17 de dezembro e ia até o 1º de Janeiro, comemorava-se o solstício do inverno. De acordo com seus cálculos, o dia 25 era a data em que o Sol se encontrava mais fraco, porém pronto para recomeçar a crescer e trazer vida às coisas da Terra. Durante a data, que acabou conhecida como o Dia do Nascimento do Sol Invicto, as escolas eram fechadas e ninguém trabalhava, eram realizadas festas nas ruas, grandes jantares eram oferecidos aos amigos e árvores verdes - ornamentadas com galhos de loureiros e iluminadas por muitas velas - enfeitavam as salas para espantar os maus espíritos da escuridão. Os mesmos objectos eram usados para presentear uns aos outros.


Apenas após a cristianização do Império Romano, o 25 de dezembro passou a ser a celebração do nascimento de Cristo. Conta a Bíblia que um anjo, ao visitar Maria, disse que ela daria a luz ao filho de Deus e que seu nome seria Jesus. Quando Maria estava prestes a ter o bebé, o casal viajou de Nazaré, onde viviam, para Belém a fim de realizar um recenseamento solicitado pelo imperador, chegando na cidade na noite de Natal. Como não encontraram nenhum lugar com vagas para passar a noite, eles tiveram de ficar no estábulo de uma estalagem. E ali mesmo, entre bois e cabras, Jesus nasceu, sendo enrolado com panos e deitado numa manjedoura (objecto usado para alimentar os animais). Pastores que estavam com seus rebanhos próximo do local foram avisados por um anjo e visitaram o bebé. Três reis magos que viajavam há dias seguindo a estrela guia igualmente encontraram o lugar e ofereceram presentes ao menino: ouro, mirra e incenso, voltando depois para seus reinos e espalharam a notícia de que havia nascido o fiho de Deus. A maior parte dos historiadores afirma que o primeiro Natal como conhecemos hoje foi celebrado no ano 336 d.C.. A troca de presentes passou a simbolizar as ofertas feitas pelos três reis magos ao menino Jesus, assim como outros rituais também foram adaptados.



O Papai Noel


A figura do Pai Natal tem origem na história de São Nicolau, um santo especialmente querido pelos cristãos ortodoxos e, em particular, pelos russos.São Nicolau, quando jovem, viajava muito, ficou a conhecer a Palestina e Egipto. Por onde passava ficava na memória das pessoas devido a sua bondade e o costume de dar presentes às crianças necessitadas. Conta-se que o primeiro presente que o Papai Noel deu foram moedas de ouro, entregues a três meninas pobres. Quando voltou a sua cidade natal, Patara, na província de Lícia, Ásia Menor, São Nicolau foi declarado bispo da cidade de Mira. Com o tempo, o santo foi ganhando fama de fazedor de milagres, sendo esse um dos temas favoritos dos artistas medievais. Nessa época, a devoção por S. Nicolau estendeu-se para todas as regiões da Europa, tornando-o o padroeiro da Rússia e da Grécia, das associações de caridade, das crianças, marinheiros, garotas solteiras, comerciantes, penhoristas, e também de algumas cidades como Friburgo e Moscou. Milhares de igrejas europeias foram-lhe dedicadas, uma delas ainda no séc. VI, construída pelo imperador romano Justiniano I, em Constantinopla (Istambul). A Reforma Protestante fez com que o culto a São Nicolau desaparecesse da Europa, com exceção da Holanda, onde sua figura persistiu como Sinterklaas, adaptação do nome São Nicolau. Colonizadores holandeses levaram a tradição consigo até New Amsterdan (a actual cidade de Nova Iorque) nas colónias norte-americanas do séc. XVII. Sinterklaas foi adoptado pelo povo americano falante do Inglês, que passou a chamá-lo de Santa Claus - em português, Pai Natal. A imagem do Papai Noel como conhecemos hoje foi criada em 1931 por um sueco beberrão chamado Haddon Sundblon, numa tentativa extremamente bem sucedida da Coca-Cola em conquistar o público infantil.Pensavam agarrar rapidamente a próxima geração de consumidores, assim a Companhia investiu na publicidade dirigida a menores de 12 anos, mesmo havendo um grande tabú quanto a isso na época. Esse aspecto acabou por reformular a cultura popular americana. O Papai Noel de Sundblon era o homem da Coca-Cola perfeito - eternamente alegre, alto, vermelho vivo, metido em situações engraçadas envolvendo um conhecido refrigerante como recompensa por uma dura noite de trabalho entregando brinquedos. Antes das ilustrações de Sundblon, o santo do Natal foi variadamente vestido de azul, amarelo, verde ou vermelho. Na arte européia ele era em geral alto e magro, ao passo que Clement Moore o descreveu como um elfo em The Night Before Christmas.


A Árvore de Natal


A tradição da árvore de Natal surgiu na Alemanha, no século XVI. As famílias germânicas enfeitavam suas árvores com papel colorido, frutas e doces. Somente no século XIX, com a vinda dos imigrantes à América, é que o costume espalhou-se pelo mundo.


Feliz Natal em 25 idiomas


Alemanha - Fröhliche Weihnachten

Bélgica - Zalige Kertfeest

Brasil - Feliz Natal

Bulgária - Tchestito Rojdestvo Hristovo, Tchestita Koleda

China - Sheng Tan Kuai Loh (mandarim)

Croácia - Sretan Bozic

Dinamarca - Glaedelig Jul Eslovênia - Srecen Bozic

Espanha - Felices Pascuas, Feliz Navidad

Estados Unidos da América - Merry Christmas

Finlândia - Hauskaa Joulua

França - Joyeux Noel Grécia - Eftihismena Christougenna

Holanda - Hartelijke Kerstroeten

Inglaterra - Happy Christmas

Irlanda - Nodlig mhaith chugnat

Itália - Buon Natale

México - Feliz Navidad

Noruega - Gledelig Jul

País de Gales - Nadolig Llawen

Polônia - Boze Narodzenie

Portugal - Feliz Natal

Roménia - Sarbatori vesele

Rússia - Hristos Razdajetsja

Suécia - God Jul

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Um naufrágio esquecido


No dia 30 de janeiro de 1945, em plena Segunda Guerra Mundial, um submarino soviético atacou e naufragou o navio a vapor alemão Wilhelm Gustloff. Os seis mil refugiados a bordo vinham da Prússia Oriental e buscavam um lugar seguro no Ocidente. Numa das maiores catástrofes navais da história, mais de cinco mil pessoas morreram nas águas geladas do mar Báltico, próximo a Gdansk, hoje Polônia. No final de janeiro de 1945, a poucas semanas do fim da Segunda Guerra Mundial, multidões de alemães estavam em fuga do cerco soviético no centro da Europa. Enfrentando temperaturas de 20 graus Celsius negativos, o formigueiro humano vinha em direção à costa do Mar Báltico. Na maioria mulheres e crianças, na expectativa de entrar num navio com destino ao Ocidente. No porto de Gdingen, em Gdansk, estava ancorado o Wilhelm Gustloff. Concebido pela organização Força pela Alegria, do partido de Hitler, o navio era usado para cruzeiros de férias. Como o Titanic, o Wilhelm Gustloff era um enorme navio de passageiros razoavelmente novo e luxuoso. Construída em 1936, a embarcação recebeu o nome do diretor regional do Partido Nacional Socialista na Suíça, assassinado por um judeu em 1935. Quando aportou em Gdansk em 22 de janeiro de 1945, 60 mil pessoas já estavam a sua espera. Apesar da capacidade para apenas 1400 passageiros, quase 6500 conseguiram um refúgio no navio, que deixou o porto na tarde do dia 30. A embarcação, entretanto, foi rastreada pelos soviéticos e posta a pique por três torpedos lançados de um submarino. O Wilhelm Gustloff ainda resistiu por 62 minutos antes de ir a pique. Os passageiros, em pânico, não conseguiam soltar os poucos barcos de salvamento, cujas amarras estavam congeladas. Mais de cinco mil pessoas perderam a vida nas águas geladas, apenas 937 sobreviveram.
Sem dúvida, mergulhar em um transatlântico é um dos maiores prêmios para um mergulhador de naufrágio. Pude sentir essa emoção quando visitei um navio desses em Janeiro desse ano. Durante uma excelente semana de mergulhos em Recife, a capital do mergulho em naufrágios no Brasil, fui convidado pelo Edísio, da operadora Aquáticos, a ir até um pequeno vilarejo de pescadores chamado "Lagoa Azeda", distante cerca de 60 km de Maceió. Essa localidade é o ponto mais próximo do local de descanso do Itapagé, um navio de passageiros torpedeado pelos alemães durante a segunda guerra mundial. Devido a sua natureza, esses navios são majestosos e os mergulhadores de naufrágios encontram ali, o ambiente perfeito para a prática dessa atividade tão apaixonante.Outros navios de passageiros estão afundados no litoral brasileiro. Alguns já foram localizados e são mergulhados, como o "Príncipe de Astúrias" em Ilhabela. Outros, como o "Príncipessa Mafalda" (edição do WET, Julho de 2003), naufragado na região de Abrolhos ainda não revelaram sua localização .

Por todos os mares e oceanos do mundo, vários navios de passageiros, também conhecidos como "Liners", foram a pique, mexendo com a imaginação das pessoas e sendo usados como pano de fundo para produções cinematográficas. Para incrementar essas estórias que são levadas ao público em todas as partes do mundo, são criados fatos fictícios e romances; mas um aspecto é real : suas vítimas. Milhares de pessoas morreram em desastres no mar e, muito provavelmente devido ao filme, o Titanic é tratado como o maior desastre marítimo do mundo, com 1.500 mortos. Infelizmente, esse não é o maior desastre marítimo do mundo. Esse terrível título pertence ao Wilhelm Gustloff , um navio alemão torpedeado por um submarino russo em 1945. Essa agressão cruel provocou a morte de mais de 6.000 pessoas!
Era trinta de Janeiro de 1945 e o Wilhelm Gustloff iniciou mais uma viagem pelo Mar Báltico, com destino às cidades de Kiel e Flensburg, localizadas no que na época referia-se como Alemanha do Ocidente (não confundir com o que viria a ser conhecida como Alemanha Ocidental, da época da Guerra Fria). A bordo , mais de 6.000 pessoas excediam a capacidade do navio. A maioria era composta por mulheres e crianças, idosos e cerca de 1.200 soldados feridos. Alguns historiadores afirmam que havia muito mais pessoas, a maioria clandestinos.Esse imponente navio , que tinha seu nome escrito em seus bordos em letras góticas, possuía uma excelente equipagem mas, devido a estar servindo como navio hospital já a alguns anos, ele se encontrava em mal estado de conservação. Seus potentes motores, que eram capazes de impulsionar o navio a velocidades acima dos que a que os submarinos da época podiam atingir, agora só atingiam 12 nós, transformando-o em um alvo fácil para os "lobos dos mares".
O capitão do Wilhelm Gustloff foi responsabilizado pelo afundamento devido a duas decisões tomadas por ele: a primeira de utilizar a rota 58, que era um curso mais ao Norte e em águas mais profundas, que permitia a ação de submarinos. A outra decisão foi a de iluminar o navio totalmente, tornando - o um alvo de fácil visualização.Enquanto as horas se passavam, o mau tempo - que era um aliado do Gustloff - foi se esvaindo e dando lugar à condições melhores. Como se isso não bastasse, um dos navios da escolta, o TF-1, precisou retornar ao porto para reparos. Esses eventos delineavam, a cada momento, a mão do destino indo de encontro ao Majestoso navio e não demorou muito para que alertas de "submarinos na área" ecoassem em toda a área do Sul do Mar Báltico.Após o armistício, os Russos conseguiram importantes bases na Finlândia e foi de uma dessas bases, localizada na península de Hango, que o submarino russo S-13 navegou em 11 de Janeiro sob o comando do capitão Alexander Marinesco.
Dezenove dias se passaram até que, no final de mais um dia improdutivo, o oficial de serviço foi até a ponte e, a medida que a neblina local se dissipava, ele observou ao longe um enorme navio com todas as luzes acessas. Sem hesitar, chamou o capitão à ponte e poucos segundos se passaram até que o Capt. Marinesco desse ordens que trariam o S-13 à vida : "Postos de Combate , leme todo a direita, curso 2-3-0, máquinas força total avante!".Em alguns minutos, o submarino se aproximou do Gustloff e, quando estava a cerca de 1.000 metros de distância do navio , ordenou o disparo de três torpedos que atingiram em cheio o casco, provocando confusão e desespero a bordo. Na ponte , o capitão sabia que três explosões seguidas como aquelas só poderiam significar uma coisa: torpedos! Um pedido de S.O.S. foi emitido (Save our Souls).Uma confusão geral se instalou no navio, com as milhares pessoas a bordo tentando entrar nos botes salva vidas. Alguns destes botes viraram, ainda presos nos turcos, e arremessaram as pessoas na águas geladas do Báltico. Naquela situação desesperadora, o frio, stress e cansaço logo minaram as forças das pessoas que tentavam se salvar e, uma a uma, foram se deixando levar pelo terrível destino que as aguardava.
O navio escolta "Lowe" aproximou-se rapidamente do navio agonizante e recolheu o máximo de pessoas que podia, até que seus próprios tripulantes se esgotaram com o esforço que faziam.Um outro navio alemão, o Admiral Hipper, vinha em uma rota próxima , navegando a 32 nós. A bordo, trazia cerca de 1.500 refugiados. Ao se aproximar do Wilhelm Gustloff, ele chegou a conclusão que uma tentativa de resgate seria muito difícil, pois o navio já adernara 30º. Enquanto pensava no que iria fazer para ajudar, o vigia do Hipper viu um, depois outro torpedo, indo em direção do navio - seu capitão decidiu abandonar a área, causando mais tarde repulsa entre seus contemporâneos.Abandonados à própria sorte e agora frente a frente com o destino, o Wilhelm Gustloff foi ao fundo levando consigo cerca de 6.000 vítimas. Hoje, o local do naufrágio é conhecido nas cartas náuticas polonesas como "Obstáculo nº 73".Apesar de ser considerado um "túmulo de guerra" pelo governo Polonês e o mergulho no local ser restrito - praticamente proibido - desde seu afundamento o Wilhelm Gustloff vem sofrendo ações de demolição.Esse trabalho de pilhagem parece ter começado logo após o fim da Segunda Guerra Mundial e a principal evidência desta ação está na ausência dos hélices do navio, que foram provavelmente retirados pelos russos que procuravam por outras coisas de valor além do bronze que compõe a grande parte dos itens de equipagens de navios.
Mais informações sobre o Gustloff (em alemão e inglês):
http://www.mboring.com/wilhelm-gustloff/wgphotos-uw-01.htmlcollege.hmco.com





A Olímpiada de Berlim - 1936A imprensa nos conta que, durante a edição de 1936 dos jogos olímpicos, realizada na Alemanha com o objetivo de demonstrar ao mundo a supremacia da raça ariana, o atleta americano Jesse Owens , de cor negra, ao conseguir 4 medalhas de ouro no atletismo, teria derrubado esse mito, o chanceler Hitler, por este motivo, se recusou a cumprimentá-lo e abandonou o estádio.Esta é uma das lendas mais frágeis contadas no último século, já que houve uma ampla cobertura dos veículos de mídia da época, que, coincidentemente, nunca foram utilizados como fonte de consulta. Não obstante, os jornalistas poderão averigüar que este ano a mentira será explorada novamente, graças às Olimpíadas chinesas.

Berlim 36

O que ocorreu na época, foi bastante diferente da versão oficial, como poderão ver abaixo.
No primeiro dia de competições, 02/08/1936, Hitler cumprimentou pessoalmente o atleta Hans Woellke, primeiro atleta alemão a receber a medalha olímpica de ouro desde 1896. Durante o resto do dia, Hitler cumprimentou e felicitou em uma sala VIP os outros atletas, alemães e não alemães.Esta notícia foi também publicada no jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, no dia 05/08/1936, cujo texto foi "Hitler assistiu parte das provas no Estádio, fez-se apresentar aos vencedores das provas que acabara de assistir da Tribuna do Governo. Felicitou pessoalmente a Srta. Fleischer, da Alemanha, pela primeira vitória no arremesso de dardo. O Diretor de Esportes, Von Tschaumer Osten, apresentou também as Srtas. Krüger, da Alemanha, 2ª colocada e Knasniewska, da Polônia, 3ª colocada. Algum tempo depois os três finlandeses dos 10.000 metros, o alemão Woellke, 1º colocado no arremesso de peso, o finlandês Baerlunde, 2º colocado e o alemão Stoeck, 3º colocado, também foram apresentados a Hitler."Antes de se retirar do estádio, porém, o presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), o Sr. Baillet-Latour, comunicou a Hitler de que ele havia quebrado o protocolo olímpico ao recepcionar e cumprimentar pessoalmente os vencedores das provas. Hitler pediu desculpas e afirmou que não mais o faria, até o fim dos jogos Olímpicos. Isso ocorreu no momento entrega da medalha ao atleta Cornélius Johnson, também americano, e não Jesse Owens.

A partir deste momento até o fim dos jogos olímpicos, Hitler não cumprimentou mais nenhum atleta, tanto alemão, quanto não alemão. Os cumprimentos de Hitler no dia 02/08/1936 foram os únicos cumprimentos públicos de Hitler por ocasião das Olimpíadas.Este acontecimento foi amplamente divulgado inclusive pelo Sr. K. C. Duncan, Secretário Geral da Associação Olímpica Britânica, membro do COI.O atleta Jesse Owens, após a conquista das quatro medalhas de ouro e igualando o recorde mundial dos 100 metros rasos e quebrando os recordes de salto em distância, 200 metros rasos e revezamento 4x100 metros, ficou tão popular na Alemanha, que praticamente ficou impossibilitado de sair da vila olímpica, devido à enorme quantidade de pessoas que queriam seu autógrafo. Chegou a pedir ajuda a outro atleta negro, Herb Fleming, para ajudá-lo a autografar.Concluída a Olimpíada, o governo alemão proporcionou a Jesse Owens e mais alguns atletas americanos uma exibição na cidade de Colônia.
O descaso americano

Parece ironia, mas Jesse Owens, ao retornar aos EUA, não foi recebido com nenhuma honra, como é costume aos vencedores dos jogos olímpicos.Na verdade, o presidente americano na época, Franklin D. Roosevelt, estava envolvido na eleição e, preocupado com os votos dos estados do sul, cujo histórico de segregação racial e manifestações violentas de racismo é notório, se recusou a recebê-lo na Casa Branca. Não se sabe por que motivo também, o atleta Jesse Owens desistiu de sua carreira no atletismo e se tornou um regente de um grupo musical e nunca mais competiu.
Pronunciamentos de Jesse Owens

Após a vitória dos 100 metros rasos, em 03/08/36, Jesse Owens falou que "é difícil imaginar como me sinto feliz. Pareceu-me de um momento para outro que, quando corria, possuía asas. Todo o estádio apresentava um aspecto tão festivo que me contagiei e foi com mais alegria que corri, parecendo que havia perdido o peso do meu corpo. O entusiasmo esportivo dos espectadores alemães me causou profunda impressão, especialmente a atitude cavalheiresca da assistência. Podem dizer a todos que agradecemos a hospitalidade germânica." (Jornal Correio do Povo, de 04/08/36).Na sua biografia, publicada nos EUA em 1970, Jesse Owens diz o seguinte: "Quando eu passei pelo Chanceler (Hitler), ele se levantou, acenou para mim e eu acenei de volta. Eu acho que os escritores mostraram má vontade ao criticar o homem da vez da Alemanha".

Afinal, quem ganhou as Olimpíadas?

A história conhecida por todos nos mostra que Jesse Owens teria derrubado o "mito ariano", ao conseguir as quatro medalhas de ouro, mas nunca nos é noticiado um dado imprescindível, que derruba essa história: quem realmente ganhou as Olimpíadas de 1936.Coincidência ou não, nunca foi publicado, pelos grandes meios de comunicação e por ocasião do ressurgimento recorrente desta notícia, o quadro de honra, com as medalhas por países.Em nenhuma reportagem aparece quem ganhou as Olímpiadas de 1936 e nem é mostrado o quadro de medalhas.Analisando os fatos mencionados nesse texto, fica evidente, de forma muito clara, que o que se conta a respeito do ocorrido nas Olimpíadas de 1936 não passa de uma distorção completamente falsa e proposital.Resta provado, através de publicações da época, que Hitler não se recusou a cumprimentar Jesse Owens e que o fato de ele não ter parabenizado mais nenhum atleta olímpico se deve à uma solicitação do próprio COI, que nunca se pronunciou a respeito do ocorrido.Quanto ao fato de Jesse Owens ter sido negligenciado pelo simples fato de ser negro, também a alegação é falsa, como pode ser observado pelas próprias alegações do atleta e pelo fato de ter sido promovida a apresentação dentro da Alemanha, por conta do governo alemão, de sua equipe.Sabemos o motivo de se pegar um fato isolado (as 4 medalhas de ouro) e transformá-lo na derrota alemã das Olimpíadas, ou como derrota do sistema político governante à época, ocultando a informação do quadro de medalhas, que contraria completamente a versão contada pela imprensa mundial.Lamentável que um fato mentiroso, amplamente rebatido com documentos, persista em todos os noticiários e reportagens até os dias atuais.A trágica guerra só começaria em 1939, mas seus efeitos duram até hoje.


quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A partilha da África pelos europeus

O Continente africano limita-se ao Norte pelo Mar Mediterrâneo, ao Oeste pelo Oceano Atlântico e ao Leste pelo Oceano Índico. De uma maneira simplificada podemos dividi-lo em duas zonas absolutamente distintas: o centro-norte é dominado pelo imenso deserto do Saara (8.600.000 de km2), enquanto que o centro-sul, depois de percorrer-se as savanas, é ocupado pela floresta tropical africana.Esta separação geográfica também refletiu-se numa separação racial. No Norte do continente habitam os árabes, os egípcios, os berberes e os tuaregues (sendo que esse dois últimos são os que praticam o comércio transaarino). No centro-sul, ao contrário, habitam mais de 800 etnias negras africanas. Atribui-se ao atraso da África meridional ao isolamento geográfico que a população negra encontrou-se através dos séculos. Afastada do Mediterrâneo - grande centro cultural da Antigüidade - pelo deserto do Saara, e longe dos demais continentes pela dimensão colossal dos dois oceanos, o Atlântico e o Índico. Apartados do resto do mundo, os africanos se viram vítimas de expedições forâneas que lhes devoravam os filhos ao longo da história.Mesmo antes da chegada dos traficantes de escravos europeus, os árabes já praticavam o comércio negreiro, transportando escravos para a Arábia e para os mercados do Mediterrâneo oriental, para satisfazer as exigências dos sultões e dos xeques. As guerras tribais africanas, por sua vez, favoreciam esse tipo de comércio, visto que a tribo derrotada era vendida aos mercadores.
O tráfico de escravos
Durante os primeiros quatro séculos - do século 15 a metade do 19 - de contato dos navegantes europeus com o Continente Negro, a África foi vista apenas como uma grande reserva de mão-de-obra escrava, a “madeira de ébano” a ser extraída e exportada pelos comerciantes. Traficantes de quase todas as nacionalidades montaram feitorias nas costas da África. As simples incursões piratas que visavam inicialmente atacar de surpresa do litoral e apresar o maior número possível de gente, foi dando lugar a um processo mais elaborado.Os mercadores europeus, com o crescer da procura por mão-de-obra escrava, motivada pela instalação de colônias agrícolas na América, associaram-se militarmente e financeiramente com sobas e régulos africanos, que viviam nas costas marítimas, dando-lhes armas, pólvora e cavalos para que afirmassem sua autoridade numa extensão a maior possível. Os prisioneiros das guerras tribais eram encarcerados em “barracões”, em armazéns costeiros, onde ficavam a espera da chegada dos navios tumbeiros ou negreiros que os levariam como carga humana pelas rotas transatlânticas.Os principais pontos de abastecimento de escravos, pelos menos entre os séculos 17 e 18 eram o Senegal, Gâmbia a Costa do Ouro e a Costa dos Escravos. O delta do Níger, o Congo e Angola serão grandes exportadores nos séculos 18 e 19. Quantos escravos foram afinal transportados pelo Atlântico? Há muita divergência entre os historiadores, alguns chegaram a projetar 50 milhões, mas R. Curtin (in The Atlantic slave trade: A census, 1969) estima entre 9 a 10 milhões, a metade deles da África Ocidental, sendo que o apogeu do tráfico ocorreu entre 1750 a 1820, quando os traficantes carregaram em média uns 60 mil por ano. O tráfico foi o principal responsável pelo vazio demográfico que acometeu a África no século 19.
África Negra(colonização, escravidão e independência)

A partilha da África
A partir do momento que o continente africano não podia mais fornecer escravos, o interesse das potências colônias inclinou-se para a sua ocupação territorial. E isso deu-se por dois motivos, O primeiro deles é que ambicionavam explorar as riquezas africanas, minerais e agrícolas, existentes no hinterland, até então só parcialmente conhecidas. O segundo deveu-se à competição imperialista cada vez maior entre elas, especialmente após a celebração da unificação da Alemanha, ocorrida em 1871. Por vezes chegou-se a ocupar extensas regiões desérticas, como a França o fez no Saara (chamando-a de França equatorial), apenas para não deixa-las para o adversário.Antes da África ser dominada por funcionários metropolitanos, a região toda havia sido dividida entre várias companhias privadas que tinham concessões de exploração. Assim a Guiné estava entregue a uma companhia escravista francesa. O Congo, por sua vez, era privativo da Companhia para o Comércio e Industria, fundada em 1889, que dividia-o com a companhia Anversoise, de 1892 .O Alto Níger era controlado pela Companhia Real do Níger, dos britânicos. A África Oriental estava dividida entre uma companhia alemã, dirigida por Karl Peters, e uma inglesa, comandada pelo escocês W.Mackinnon. Cecil Rhodes era o chefe da companhia sul-africana que explorou a atual Zâmbia e Zimbawe, enquanto o rei Leopoldo II da Bélgica autorizava a companhia de Katanga a explorar o cobre do Congo belga.
O Congresso de Berlim
Atendendo ao convite do chanceler do II Reich alemão, Otto von Bismarck, 12 países com interesse na África encontraram-se em Berlim - entre novembro de 1884 a fevereiro de 1885 -, para a realização de um congresso. O objetivo de Bismarck é que os demais reconhecessem a Alemanha como uma potência com interesses em manter certas regiões africanas como protetorados. Além disso acertou-se que o Congo seria propriedade do rei Leopoldo II da Bélgica (responsável indireto por um dos mais terríveis genocídios de africanos), convertido porém em zona franca comercial. Tanto a Alemanha, como a França e a Inglaterra combinaram reconhecimentos mútuos e acertaram os limites das suas respectivas áreas. O congresso de Berlim deu enorme impulso à expansão colonial, sendo complementado posteriormente por acordos bilaterais entre as partes envolvidas, tais como Convênio franco-britânico de 1889-90, e o Tratado anglo-germânico de Heligoland, de 1890. Até 1914 a África encontrou-se inteiramente divida entre os principais países europeus (Inglaterra, França, Espanha, Itália, Bélgica, Portugal e Alemanha). Com a derrota alemã de 1918, e obedecendo ao Tratado de Versalhes de 1919, as antigas colônias alemãs passaram à tutela da Inglaterra e da França. Também, a partir desse tratado, as potências comprometeram-se a administrar seus protetorados de acordo com os interesses dos nativos africanos e não mais com os das companhias metropolitanas. Naturalmente que isso ficou apenas como uma afirmação retórica.
A reação dos africanos
A conquista da África foi entremeada de tenaz resistência nativa. A mais célebre delas foram as Guerras Zulus, travadas no século 19 pelo rei Chaka (que reinou de 1818 a 1828) na África do Sul, contra os ingleses e os colonos brancos boers. Entrementes, os colonizadores começaram a combater as endemias e doenças tropicais que dificultavam a vida dos europeus através do saneamento e da difusão da higiene. A África era temida pelas doenças tropicais: a febre amarela, a malária e a doença do sono, bem como da lepra. O continente, igualmente, ocupado por missões religiosas, tanto católicas como protestantes. Junto com o funcionário colonial, o aventureiro, o fazendeiro, e o garimpeiro branco, afirmou-se lá, em caráter permanente, o padre ou o pastor pregando o evangelho.Essa ocupação escancarada provocava amargura entre os africanos que se sentiam inferiorizados e impotentes perante a capacidade administrativa, militar e tecnológica, do colonialista europeu. Já na metade do século 19, o afro-americano Edward W. Blyden, que emigrara para a Libéria em 1850, descontente com a perda da auto-estima dos negros, proclamava a existência de uma “personalidade africana” com méritos e valores próprios, contraposta a dos brancos. E, imitando James Monroe, lançou o slogan “África para os africanos!”.Em 1919 reuniu-se em Paris, o 1º Congresso Pan-africano, organizado pelo intelectual afro-americano W.E.B. Du Bois. Reivindicou ele um Código Internacional que garantisse, na África tropical, o direito dos nativos, bem como um plano gradual que conduzisse à emancipação final das colônias. Conquanto que, para os negros americanos, era solicitado a aplicação dos direitos civis (que só foram finalmente aprovados pelo congresso dos E.U.A. em 1964!).O último congresso Pan-africano, o 5º, reuniu-se em Manchester, na Inglaterra, em 15-18 de outubro de 1945, tendo a presença de Du Bois, Kwane Nkurmah, futuro emancipador da Ghana, e Jomo Kenyatta, o líder da Quênia. Trataram de aclamar a necessidade da formação de movimentos nacionalistas de massas para obterem a independência da África o mais rápido possível.
A descolonização
A descolonização tornou-se possível no após-1945 devido a exaustão em que as antigas potências coloniais se encontraram ao terem-se dilacerado em seis anos de guerra mundial, de 1939 a 1945. Algumas delas, como a Holanda, a Bélgica e a França, foram ocupados pelos nazistas, o que acelerou ainda mais a decomposição dos seus impérios no Terceiro Mundo. A guerra também as fragilizou ideologicamente: como podiam elas manter que a guerra contra Hitler era uma luta universal pela liberdade contra a opressão se mantinham em estatuto colonial milhões de asiáticos e africanos?A Segunda Guerra Mundial se debilitou a mão do opressor colonial, excitou o nacionalismo dos nativos do Terceiro Mundo. Os povos asiáticos e africanos foram assaltados pela impaciência com sua situação jurídica de inferioridade, considerando cada vez mais intolerável o domínio estrangeiro. Os europeus, por outro lado, foram tomados por sentimentos contraditórios de culpa por manterem-nos explorados e sob sua tutela, resultado da influencia das idéias filantrópicas, liberais e socialistas, que remontavam ao século 18. Haviam perdido, depois de terem provocado duas guerras mundiais, toda a superioridade moral que, segundo eles, justificava seu domínio.Quem por primeiro conseguiu a independência foram os povos da Ásia (começando pela Índia e Paquistão, em 1946). A maré da independência atingiu a África somente em 1956. O primeiro pais do Continente Negro a conseguí-la foi Ghana, em 1957. Em geral podemos separar o processo de descolonização africano em dois tipos. Aquelas regiões que não tinham nenhum produto estratégico (cobre, ouro, diamantes ou petróleo) conseguiram facilmente sua autonomia, obtendo-a por meio da negociação pacífica. E, ao contrário, as que tinham um daqueles produtos, considerados estratégicos pela metrópole, explorados por grandes corporações, a situação foi diferente (caso do petróleo na Argélia e do cobre no Congo belga). Neles os colonialistas resistiram aos movimentos autonomistas, ocorrendo movimentos de guerrilhas para expulsá-los.Apesar da existência de 800 etnias e mais de mil idiomas falados na África, podemos encontrar alguns denominadores comuns entre os partidos e movimentos que lutaram pela descolonização. O primeiro deles é de que todos eles ambicionavam a independência, conquistada tanto pela vertente de radicalismo revolucionário ou através do reformismo moderado, que tanto podia implantar uma republica federativa como uma unitária.Em geral, os partidos optaram pelo centralismo devido a dificuldade em obter consenso entre tribos rivais. Esse centralismo é geralmente assumido pelo próprio líder da emancipação, (como Nkrumah em Ghana) pelo partido único (ou “partido dominante” como definiu-o Leopold Senghor, do Senegal) ou ainda, por um ditador militar (como Idi Amin Dada em Uganda, ou Sese Seko Mobuto no Zaire). A negritude (movimento encabeçado por Aimé Césaire, um poeta martinicano, e pelo presidente senegalês Leopold Senghor) foi também um ponto em comum, marcadamente entre os países afro-francofônicos, que exaltavam as qualidades metafísicas dos africanos. Finalmente todos manifestavam-se a favor do pan-africanismo como uma aspiração de formar governos “por africanos e para africanos, respeitando as minorias raciais e religiosas”.
Dificuldades africanas
Na medida em que em toda a história da África anterior ao domínio europeu, desconhecia-se a existência de estados-nacionais, segundo a concepção clássica (unidade, homogeneidade e delimitação de território), entende-se a enorme dificuldade encontrada pelas elites africanas em constituí-los em seus países. Existiam anteriormente na África, impérios, dinastias governantes, milhares de pequenos chefes e régulos tribais, mas em nenhuma parte encontrou-se estados-nacionais. O que havia era uma intensa atomização política e social, um facciosismo crônico, resultado da existência de uma infinidade de etnias, de tribos, quase todas inimigas entre si, de grupos lingüísticos diferentes (só no Zaire existem mais de 40), e de incontáveis castas profissionais. O fim da Pax Colonialis, seguida da independência, provocou, em muitos casos, o afloramento de antigos ódios tribais, de velha rivalidades despertadas pela proclamação da independência, provocando violentas guerras civis (como as da Nigéria, do Congo e, mais recentemente, as da Angola, Moçambique, Ruanda, Burundi, Serra Leoa e da Libéria).Essas lutas geraram uma crônica instabilidade em grande parte do Continente que contribuiu para afastar os investimentos necessários ao seu progresso. Hoje a África, com exceção da África do Sul, Nigéria e o Quênia, encontra-se praticamente abandonada pelos interesse internacionais. Os demais parecem ter mergulhado numa interminável guerra tribal, provocando milhões de foragidos (na África estão 50 % dos refugiados do globo) e um número incalculado de mortos e feridos. É certamente a parte do mundo onde mais guerras são travadas. Como um incêndio na floresta, encerra-se a luta numa região para logo em seguida arder uma mais trágica ainda logo adiante.De certa forma todos os povos pagam pelos seus defeitos culturais. Neste sentido o arraigado tribalismo africano é o grande impedimento para concretizar a formação de um estado-nacional estável. Enquanto as massas negras não conseguirem superar as rivalidades internas dificilmente poderão formar regimes sólidos, íntegros, que superem a dicotomia entre ditadura ou anarquia tribal. A grande geração que conseguiu a independência, homens como K.Nkrumah, Jomo Kenyatta, Agostinho Neto, Samora Machel, Kenneth Kaunda, Julius Nyerere, Leopold Senghor ou Nelson Mandela estão mortos ou envelheceram. Nenhum dos sucessores desses grandes homens, têm conseguido o respeito da população e o carisma necessário para manter seus respectivos países unidos. Em muitos casos eles foram substituídos por chefes dominados por interesses localistas e familiares, de visão estreita, sem terem o sentido de abrangerem o restante dos seus cidadãos. É hora pois dos líderes africanos pararem de jogar pedras sobre o passado colonial e assumirem a responsabilidade pelo destino dos povos que ajudaram a emancipar.

I guerra mundial - Guerra das trincheiras

TÁTICAS DE INFANTARIA



No início do séc. XX a maioria dos chefes militares dava uma grande importância à utilização da infantaria em ataques com baioneta apoiados pela cavalaria e por peças móveis de artilharia. Os oficiais franceses eram grandes adeptos desta táctica e, na 1ª Guerra Mundial, enviaram soldados para o campo de batalha sem equipamento adaptado às trincheiras. Diziam que as precauções defensivas eram desnecessárias se se fizessem ataques maciços e suficientemente rápidos.Estas tácticas foram postas em causa depois dos exércitos terem sofrido pesadas baixas em ataques contra trincheiras defendidas por metralhadoras. Apesar dos bombardeamentos que se faziam antes dos soldados avançarem, do uso de gás e de lança-chamas, a infantaria fracassou na Frente Ocidental nas batalhas que se travaram em 1915.Só em Amiens, em 1918, quando o coronel John Fuller conseguiu convencer o general Henri Rawlinson a usar 412 tanques de guerra seguidos por soldados e apoiados por 1000 aviões de combate é que os aliados conseguiram quebrar as defesas dos alemães na Frente Ocidental.

Depois da batalha do Marne em Setembro de 1914, os alemães foram forçados a retirar até ao rio Aisne. O Comandante alemão, General Erich von Falkenhayn, decidiu que as suas tropas deviam permanecer a todo o custo nas zonas que ainda ocupavam entre a Bélgica e a França. Falkenhayn ordenou que os seus homens cavassem trincheiras que lhes dariam protecção contra o avanço das tropas francesas e inglesas. Os "aliados" rapidamente perceberam que não conseguiam ultrapassar esta linha e começaram também a cavar trincheiras.
Depois de alguns meses estas trincheiras cobriam já uma área que ia do Mar do Norte até à fronteira Suíça. Como os alemães foram os primeiros a usar esta táctica, puderam escolher os melhores locais para fazerem as trincheiras. Isto deu-lhes vantagem e obrigou os franceses e os ingleses a viverem em piores condições. Grande parte desta zona estava a menos de um metro acima do nível do mar, por isso, não raras vezes, os soldados começavam a cavar e encontravam água. Trincheiras inundadas ou enlameadas eram um problema constante para os soldados da Frente Ocidental.As trincheiras tinham habitualmente 2,30 metros de profundidade e 2 metros de largura. Nos parapeitos das trincheiras eram colocados sacos de areia (os "parados") para absorverem as balas e os estilhaços das bombas. Numa trincheira com esta profundidade não se conseguia espreitar, por isso, havia uma espécie de elevação no interior conhecida como "fire step".As trincheiras não eram construídas em linha recta. Muitas eram perpendiculares de forma a que se o inimigo conseguisse tomar uma parte da trincheira, estava sujeito ao fogo das de apoio e das perpendiculares.As trincheiras eram protegidas pelo arame farpado e por postos de metralhadora (muitos deles de espesso betão armado). Cavavam-se também trincheiras pela "terra de ninguém" dentro para ouvir o que se passava na posição inimiga ou para capturar soldados e depois interrogá-los.

A TERRA DE NINGUÉM
"Terra de ninguém" foi o termo usado pelos soldados para descrever o terreno entre duas trincheiras inimigas. A distância entre elas variava, mas na Frente Ocidental era, em média, de 230 metros.A "Terra de ninguém" continha grandes quantidades de arame farpado. Nas zonas de onde se previam mais ataques podiam haver 10 barreiras de arame farpado antes da primeira trincheira. Em algumas zonas o arame farpado ocupava mais de 30 metros de espessura.Se fosse uma área sujeita a ataques constantes, a "terra de ninguém" ficava cheia de equipamento militar destruído e abandonado e de corpos que com o tempo entravam em decomposição. Era, juntamente com as trincheiras, território para ratos e doenças.Era muito difícil atravessar a "terra de ninguém". Os soldados não só tinham que evitar as metralhadoras e as explosões, como tinham que ultrapassar as inúmeras barreiras de arame farpado, os detritos de material destruído ou abandonado e as crateras cheias de água e lama provocadas pelas bombas.

GÁS VENENOSO

Os gases venenosos eram conhecidos muito antes da 1ª Guerra Mundial, mas os oficiais do exército mostravam relutância em os utilizar por que os consideravam uma arma incivilizada. O exército francês foi o primeiro a utilizá-los, quando no primeiro mês de guerra dispararam granadas de gás lacrimejante contra os alemães.Em Outubro já os alemães disparavam bombas com gás irritante. Começaram por usar gás de cloro. Este gás destruía os órgãos respiratórios e provocava uma lenta morte por asfixia.Era importante ter em consideração as condições atmosféricas antes de lançar um ataque com gás. Quando o exército britânico lançou um ataque com gás em 25 de Setembro de 1915, o vento soprou contra o rosto das tropas britânicas mais avançadas provocando pesadas baixas... Este problema foi ultrapassado em 1916 quando se começou a utilizar a artilharia pesada para lançar bombas de gás a grande distância.Depois do primeiro ataque alemão com gás cloro, as tropas aliadas eram abastecidas com máscaras de almofadas de algodão que iam sendo embebidas em urina. Tinha sido descoberto que o amoníaco das almofadas de algodão neutralizava o veneno. Outros soldados preferiam usar luvas, meias e cintos de flanela embebidos numa solução de bicarbonato de soda atados à volta da boca e do nariz até que o gás desaparecesse. Somente em julho de 1915 é que foram dadas aos soldados máscaras de gás eficientes e respiradouros anti-asfixia.Uma das desvantagens do uso de gás cloro era que, ainda que provocasse a morte, esta só acontecia bastante tempo depois e, entretanto, o soldado continuava em condições de combater. Por esse motivo começou-se a usar fosgénio. Apenas uma pequena quantidade impossibilitava o soldado inimigo de continuar a combater e provocava a sua morte em 48 horas.O gás mostarda foi usado pela primeira vez pelo exército alemão em Setembro de 1917. O mais mortífero dos venenos usados na guerra quase não tinha cheiro e demorava apenas 12 horas a produzir efeito. Este gás era tão potente que apenas pequenas quantidades precisavam de ser adicionadas às bombas para produzir efeito. Uma vez depositado no solo, o gás mantinha-se activo durante várias semanas.Foi estimado que os alemães usaram 68 000 toneladas de gás contra os soldados aliados, mais do que o exército francês (36 000 toneladas) e o exército britânico (25 000 toneladas) juntos. Estima-se que 91 198 soldados morreram em resultado de ataques com gás e 1 200 000 foram hospitalizados. O exército russo foi o que mais sofreu com este tipo de guerra com cerca de 56 000 mortos.

Cadê meu imosec ????


Nem cavalo (era uma mula), nem uniforme de gala (vestia roupa simples de viagem), nem um gritinho (muito menos um 'brado retumbante'). E foi no alto da colina - e não às margens do Ribeirão Ipiranga - que D. Pedro emitiu um desabafo declarando a independência do Brasil. Junto a ele, apenas dois mensageiros e os quatro cavaleiros que faziam "paredinha" enquanto mais uma vez se aliviava de uma diarréia fecunda causada pelas costelinhas de porco que comera na noite anterior em Santos, na casa dos Andradas. O Príncipe Regente fora medicado ainda no litoral, com uma mistura de água, farinha de mandioca e açúcar, mas a beberagem pouco adiantou. Durante a subida da serra pela íngreme Calçada do Lorena, em direção a São Paulo, debaixo de muita chuva, foram necessárias várias paradas para o jovem "obrar". Próximo ao destino, mandou que a comitiva o aguardasse adiante pois precisava novamente defecar. Foi para o alto do morro do Ipiranga, a mais de um quilômetro das "margens do Ipiranga" e estava de calças arriadas quando os mensageiros chegaram. Debilitado, sujo de fezes e de lama, leu as notícias, subiu as calças e disse aos acompanhantes que bastava, agora era ir contra Portugal ou morrer (primeira declaração). Foi então em direção à comitiva, que o aguardava no meio da encosta (ainda bem distante do ribeirão), e lhe comunicou formalmente a sua decisão, mandando que tirasse as fitas com as cores de Portugal que trazia em seus uniformes (segunda declaração). Não houve nenhum grito (só se foi pela dor de barriga) e nem as margens do Ipiranga ouviram nada, porque estavam longe. Isto não diminui a bravura de D. Pedro ao nos desvencilhar de Portugal, embora se saiba hoje que a nossa independência se deu muito mais por interferência velada de Dona Leopoldina que propriamente pelo esforço de seu marido, mas isso é outra história. D. Pedro I herdou de D. João a fraqueza gastrointestinal. Nas cartas que enviou à sua amante, Marquesa de Santos, cita por várias vezes seu problema. Numa de dezembro de 1827, ele conta: "Cheguei a casa, tomei a tisana (remédio) e obrei até agora cinco vezes e muito". Noutra carta, ele diz: "Eu não passei muito bem... depois obrei e agora estou perfeitamente bom...". Mas nem todas as cartas dele eram assim. Numa delas, de julho de 1826, dedicou um poema malicioso à amante: "Este lindo passarinho canta, brinca, pica e fura, mas quando torna a repicar, é mais doce a picadura." A Marquesa de Santos recebia notícias dos problemas coprológicos até das filhas do Imperador. Numa carta de setembro de 1827, ele relatava que a filha de ambos, Duquesa de Goiás, "tomou um purgante de óleo de mamona, com que obrou três vezes e deitou uma lombriga". Talvez receoso de que estivesse passando dos limites com assuntos tão grosseiros, D. Pedro se desculpou com a Marquesa, alegando numa correspondência de dezembro de 1827 que nele "a fruta é fina, posto que a casca seja grossa". Daí vem a expressão "casca grossa" para se referir a uma pessoa com pouca educação ou refinamento. Uma curiosidade é a famosa tela de Pedro Américo retratando a cena do Ipiranga, pois hoje sabe-se que quase tudo nela representado é falso e que se constitui num plágio sem-vergonha da pintura "1807, Friedland" de Ernest Meissonier. Pedro Américo já tinha sido acusado anos antes de ter copiado a "Batalha de Montebelo", de Appiani, para fazer a sua "Batalha de Avaí".



Veja no link abaixo como as telas do Ipiranga e de Friedland são muito semelhantes: http://www.constelar.com.br/revista/edicao46/urano5telas.htmEmbora menos espetacular, existe uma obra que retrata fielmente a cena do Ipiranga e que não é muito badalada: a tela de François-René Moreaux, intitulada "Proclamação da Independência", pintada em 1844, que está no Museu Imperial, em Petrópolis.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

PRIMEIRO REINADO


O Primeiro Reinado desdobra-se da proclamação da independência, no ano de 1822, até a reúncia de Dom Pedro I, em 1831. Saudado soberano do país no dia 12 de outubro de 1822, defronta-se com a oposição do exército lusitano, a quem vence, fortalecendo assim sua liderança. A primeira marca política de D. Pedro deu-se quando do chamamento da Assembléia Constituinte, eleita no princípio de 1823. Contudo, em decorrência de intensa divergência entre os deputados brasileiros e o monarca, o qual achava que seu poder pessoal deveria ser mais importante do que o do Legislativo e do Judiciário, a Assembléia é invalidada em novembro, sendo esta considerada o seu primeiro malogro.Fazia-se urgente que D. Pedro redigisse uma Constituição para o país, a qual expandisse seus poderes. Assim sendo, ele designa um grupo para elaborá-la e a aprova em 1824. A nova Constituição concede ao Imperador a faculdade legal de dissipar a Câmara e os Conselhos Provinciais, instituir senadores vitalícios e ministros, eliminar os cargos de juízes quando achasse necessário e indicar nomes para a presidência das comarcas. O caráter despótico da missiva aprovada era totalmente o contrário do que fora proposto anteriormente, em vez do sistema político ser liberal o mesmo tornou-se dominador. Alguns líderes, originários de algumas províncias do Nordeste, comandadas por Pernambuco, se revoltaram contra o domínio do soberano, contestando seus poderes absolutistas. A revolta ficou conhecida como Confederação do Equador – a qual foi reprimida austeramente pelos soldados imperiais. Dois nomes destacaram-se neste levante, Joaquim Divino do Amor – o Frei Caneca - e Cipriano José Barata – jornalista conceituadíssimo na época.As dificuldades de D. Pedro I complicam-se ainda mais a partir do ano de 1825, quando sobrevêm a derrota brasileira na Guerra da Cisplatina, a qual gerou consequências irreparáveis para a nação – a perda dos territórios da Província Cisplatina para o Uruguai e a independência deste em 1828. O Império enfrentava sérios disturbios econômicos neste momento. As taxas de importação encontravam-se muito aquém do esperado, a baixa arrecadação alcançada pelo Estado tornou-se notável e problemática, havia sérias dificuldades para se efetuar a cobrança dos impostos internos devido às extensões territoriais da nação e a produção agrícola brasileira enfraquecia-se em razão da crise do mercado externo. Dom Pedro I precisva, neste momento, encontrar soluções imediatas para relizar um milagre econômico no país. Em 1826, porém, sofre um duro golpe com a morte de seu pai, Dom João VI. A questão sucessória em Portugal torna-se problemática, os lusitanos querem que o soberano assuma o trono português. Dom Pedro I, porém, abdica em favor de sua filha Maria da Glória.Contudo, em 1828, D. Miguel – seu irmão – dá um golpe de estado e se conclama rei de Portugal, fato que irrita profundamente o imperador, o qual exige que tropas brasileiras restituam o poder á sua filha imediatamente. Os políticos brasileiros se sentem indignados com a atenção especial que D. Pedro confere aos problemas de Portugal, enquanto o Brasil caminha a passos lentos.O medo de uma nova reaproximação entre Brasil e Portugal aumenta, o povo brasileiro sente-se inseguro e cresce a impopularidade do monarca.Com o assassinato do jornalista Líbero Badaró, conceituadíssimo oposicionista do governo, D. Pedro é atingido em sua honestidade, pois o que mais se comentava era a respeito de sua possível relação com o criminoso, que ficara impune. O povo sente-se exacerbado e atraiçoado por aquele a quem confiara a integridade da nação. No intuito de apaziguar as excitações polítcas, D. Pedro resolve ir para Minas Gerais, porém o povo mineiro o acolhe com um sentimento de revolta pelo assassinato de Líbero Badaró.Os portugueses, que se encontravam instalados no Rio de Janeiro, não aceitaram a atitude dos mineiros e fomentaram um ato público de reparação à injúria sofrida por Dom Pedro. Os antilusitanos, porém, revidam e explodem desordens e agitações nas ruas da cidade. O imperador assegura que haverá repreensões, mas não consegue sustentáculo político. A nobreza real e o proprio exército imperial se voltam contra o monarca, não lhe deixando outra saída a não ser abdicar do trono em favor de seu filho, Pedro de Alcântara, de apenas cinco anos de idade. A abdicação se concretiza no dia 7 de abril de 1831.


Curiosidade: O nome de batismo de Dom Pedro I é "Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon".














Há 60 anos terminava a Segunda Guerra Mundial. Foi um conflito que deixou um triste e vergonhoso legado à humanidade: mais de 50 milhões de pessoas morreram em seis anos, dentre os quais 6 milhões de judeus assassinados pelo regime nazista. As imagens dos campos de concentração nazistas - que, além dos judeus, mantinham em condições subumanas outras minorias, como ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová - reveladas após as tropas aliadas conquistarem os territórios até então dominados pelas forças militares alemãs mostraram ao mundo a face mais terrível das atrocidades que o homem é capaz de cometer.Apesar de tanta destruição, a história jamais parou. O homem tem grande capacidade de se reiventar e reconstruir sua existência sobre escombros, dramas, catástrofes e dificuldades as mais diversas. Então, afinal, o que vem sendo construído pela humanidade até os dias atuais sobre os alicerces moldados a partir do fim da Segunda Guerra Mundial?"Depois que os alemães invadiram a Rússia, o sentido da guerra modificou-se. Porque eles chegaram basicamente às portas de Moscou, mais exatamente a uns 20 quilômetros de Moscou, a Rússia conseguiu empurrar eles para trás, mais ou menos a uns 100 quilômetros de distância, e, posteriormente, quando ocorreu a batalha de Estalingrado, em que o Exército Vermelho conseguiu derrotar o Exército alemão, a guerra mudou de rumo, porque, a partir daí, era uma questão de tempo. A partir dali, para mim, a Alemanha estava perdida. O Exército Vermelho conseguiu avançar em uma velocidade relativamente elevada e o mundo socialista cresceu de forma significativa... O socialismo propriamente dito, decorrente da vitória da União Soviética, chegou a dominar 30% dos países que tinham influência no encaminhamento da vida da família humana", afirma Enildo Pessoa, professor aposentado e ex-diretor do Instituto de Ciência Humanas da PUC-Campinas, autor de sete livros, entre eles A Humanidade e o Futuro.Desta forma, com a vitória da União Soviética na Europa Oriental e as conquistas da Aliança capitaneada pelos Estados Unidos na parte Ocidental daquele continente, começava a se desenhar um cenário em que as forças que dominariam a civilização atuavam em dois pólos opostos.
Nova ordem
"A primeira coisa que se destaca é uma nova ordem mundial que vai se formar naquele momento. A gente vai ter o que chama de um mundo bipolarizado, porque, antes, era multipolarizado. Portanto, o efeito maior da Segunda Guerra é criar uma ordem mundial girando em torno da União Soviética e dos Estados Unidos. Esse efeito perdurou até recentemente, quando acabou a União Soviética, o que já muda novamente a ordem mundial, que não é mais aquela que a Guerra deixou para a gente", explica a professora do Departamento de História da UFPE (Unviersidade Federal de Pernambuco) Suzana Cavani Rosas."A outra coisa é que a Segunda Guerra mudou a natureza da guerra. A guerra convencional cedeu lugar à possibilidade de uma guerra nuclear (após o bombardeio nuclear de Hiroshima e Nagazaki, no Japão). E, contraditoriamente, como essa guerra nuclear tem uma proporção de destruição muito grande, e até mesmo a parte que seria vencedora teria muitas perdas, formou-se a Guerra Fria. Quer dizer: a impossibilidade de um conflito armado entre as duas grandes potências. Elas têm tudo para brigar, são inconciliáveis, mas a ameaça de uma guerra nuclear evita o confronto das grandes potências. O que você vai ter são outros confrontos indiretos entre essas potências em diversos países no mundo", acrescenta Suzana Cavani.Dessa forma, o mundo passava das contradições internas ao próprio capitalismo (que deram origem à Primeira e à Segunda Grande Guerra Mundial) para as contradições de duas ideologias diversas: o capitalismo, defendido pelos Estados Unidos; e o socialismo, sob a égide da União Soviética. O embate dessas duas superpotências que emergem do pós-Guerra vai se dar não campo de batalha - já que a guerra, agora, seria sinônimo de destruição da própria raça em razão da Corrida Armamentista com a multiplicação dos arsenais atômicos de ambos os lados -, mas no terreno nebuloso que passou a ser conhecido como Guerra Fria.
Fim dos Impérios
Outro efeito significado do pós-Guerra foi o processo de esfacelamento dos grandes impérios coloniais, principalmente com a perda do poderio de duas grandes potências até a Segunda Guerra: França e Inglaterra."A Europa vai ter que mudar completamente sua perspectiva. Quase todos os países europeus, pelo menos os países centrais da Europa Ocidental, tinham grandes impérios. E eles vão passando por um muito lento processo de desintegração dos Impérios, que às vezes acontece de forma, vamos dizer assim, pacífica, e um pouco comandada pelo país dominante. A Inglaterra em alguns momentos percebe que não tem condições de aguentar a luta e acaba de certa forma dizendo que concede a independência: é o caso da Índia. Ou você vai ter processos tremendamente violentos. Acho que um dos exemplos mais claros é a guerra da Argélia, que deixa um milhão de pessoas mortas e vai se processar na década de 60. Mas é um processo que vai continuando até os 70, entra nos anos 80, e ainda existem pequenas coisinhas que não foram resolvidas. Então, isso é um resquício de guerra", diz a professora de História Contemporânea da FFLCH-USP (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo) Maria Aparecida Aquino."E também houve a descolonização porque tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética sempre defenderam o fim do impérios coloniais. Os impérios formais, claro, porque o imperialismo vai ainda existir", acrescenta Suzana Cavani.Mas não houve apenas efeitos de desconstrução e reconstrução no legado do pós-Segunda Guerra. A condição da mulher na sociedade Ocidental sofreu mudanças profundas e definitivas que representaram verdadeiras conquistas à condição feminina."Por conta da guerra, a maioria dos países envolvidos tiveram que integrar cada vez mais a mão-de-obra feminina à produção, porque essa Guerra mobiliza muitos homens, realmente numa proporção muito grande, e, portanto, era preciso substituir a mão-de-obra masculina dentro da Guerra. Aí as mulheres conseguiram conquistar um espaço que daí para a frente não houve mais retorno", destaca a professora Suzana Cavani.
Crises e oportunidades
O período vivido durante a Guerra Fria foi repleto de graves crises que abalaram, em alguns momentos, seriamente o equilíbrio de forças que era mantido sobre um tênue fio que por pouco não se desfez em um conflito atômico generalizado. Foi o caso da crise dos mísseis em Cuba, em 1962, quando Estados Unidos e União Soviética por pouco não partiram para a solução do impasse na base de um conflito atômico. Outras graves crises marcaram o pós-Guerra, como a Guerra da Coréia, a Guerra do Vietnã, a invasão da Baía dos Porcos, em Cuba.Neste meio tempo, o mundo conheceu um grande desenvolvimento do lado capitalista. "É a partir daí que acontece o fenômeno que o (historiador britânico Eric) Hobsbawn chama de `Era de Ouro do Capitalismo´. A partir do final da década de 50 até princípios da década de 70, mais ou menos 72, 73, o mundo capitalista sofre um crescimento extraordinário, agora sob uma nova condição, que era justamente aquela de que as contradições internas ao capitalismo não levariam a um conflito mundial (já que as contradições principais eram direcionadas ao combate ao socialismo)... Por isso ele teve todas as condições de ter um crescimento fenomenal atingindo um porte que até hoje continua a existir... Simultaneamente a isso, o sistema socialista começava a indicar a suas situações de fragilidade. Para mim, a pincipal fragilidade era a política. O sistema tinha conquistas sociais significativas, mas tinha fragilidades políticas muito fortes porque não soube enfrentar o capitalismo demonstrando ao mundo que ele seria capaz de resolver a situação social sem que houvesse a prioridade do capital no encaminhamento da vida da sociedade", analisa o professor Enildo Pessoa.No final dos anos 80, início dos 90, começa a derrocada do Império Soviético, com o primeiro grande fato ocorrendo em 1989, que foi a queda do muro de Berlim, evento que abriu espaço para a reunificação das duas Alemanhas divididas após a partilha do espólio da Segunda Guerra entre os mundos capitalista e socialista.Entre 1991 e 1992, ocorre a derrocada final da União Soviética, após o surgimento das políticas da perestroika e glasnost (reestruturação e transparência, em russo), capitaneada pelo então líder soviético Mikhail Gorbachóv. Apesar da tentativa de comandar a transição de forma pacífica, Gorbachóv sofre um golpe, é derrubado, mas um contra-golpe encabeçado por Bóris Ieltsin liberta Gorbachóv. Este último acaba deixando o poder, assumido pelo primeiro, que promove o desmembramento da antiga União Soviética, com grande parte de suas Repúblicas se tornando países independentes. A Rússia, que era o coração do Império, no entanto, passa a enfrentar uma séria crise, tanto política como econômica, para se adaptar à nova realidade pós-socialismo.
Efeitos diretos
Há ainda exemplos de ações tomadas no pós-Guerra que afetam significativamente a vida de algumas populações. É o caso dos alemães, derrotados no conflito: "Vamos pensar hoje uma situação muito típica que é a da Alemanha. Quando a Guerra termina, a Alemanha vai ser dividada pela primeira vez depois de se transformar em uma Nação - ela se transforma em uma nação em 1870. Então, até aquele momento ela se mantém uma nação unida, passando por guerras, mas se mantendo uma nação unida. Ela vai ser dividida inicialmente em quatro forças, que acabam depois virando duas forças. Acabamos tendo a Alemanha Ocidental, que é controle mais ou menos do que era o mundo capitalista, mais objetivamentes os EUA, e a Alemanha Oriental, sob controle, obviamente, do mundo soviético", indica a professora Maria Aparecida Aquino."Recentemente, na década de 90, você vai passar pelo processo de integração dessas duas Alemanhas. Então, quer dizer, a Guerra se encerra em 1945, mas quase 50 anos mais tarde é que se vai tentar retornar a uma situação que era a anterior. Só que existe um problema aí no meio: 45, 50 anos decorreram e acabaram formando situações muito diferentes. Então, você tem uma Alemanha Ocidental que era considerada a segunda economia do mundo, pujante, extremamente desenvolvida, que, num dado momento, acaba sendo obrigada a receber uma espécie de `presente de grego´ em termos econômicos. Um pouco ela vai carregar uma Alemanha Oriental que tem não só um processo de desenvolvimento histórico dos últimos 50 anos diferente do dela, como também tem um desenvolvimento econômico completamente distinto. Você vai ter hoje, se alinhavando, embora ainda forte, embora garantindo parte de sua pujança, mas, de certa forma, você tem a modificação de um quadro muito contemporâneo, tentando encontrar seu rumo e que se relaciona, sem dúvida, com o que a Segunda Guerra Mundial deixou", acrescenta Maria Aparecida Aquino.Mesmo estando hoje distantes 60 anos do fim da Segunda Guerra Mundial e tendo agregado à raça humana uma série de elementos que determinaram novas realidades à existência do homem, ainda hoje podemos dizer que os alicerces construídos ao fim daquele triste conflito seguem dando base aos atores que determinam os caminhos por onde estamos a escrever nossa história.O poder dos EUA como nação hegemônica é o elemento mais marcando do cenário construído nesses últimos 60 anos. Além deste, há também o fortalecimento das bases da democracia, especialmente no mundo Ocidental, o desenvolvimento das tecnologias que têm ajudado a salvar vidas e a permitir que o ser humano viva mais e melhor e a constantação de que, mesmo diante da crueza que reprensenta o poder das armas, principalmente as atômicas, as diversas sociedades têm hoje buscado se integrar mais, se conhecer melhor, em busca de um futuro, se não perfeito, que seja melhor para a maioria dos homens.

A guerra do Paraguai




INTRODUÇÃO



Apesar de a grande maioria das pessoas já perceber que a Guerra do Paraguai não foi uma disputa de mocinhos e bandidos, pouca coisa foi escrita sobre esse importante acontecimento, que normalmente é estudado de forma superficial. Para compreendermos esse conflito, é necessário entender o conjunto de interesses envolvidos, superando o maniqueísmo que envolve a relação de Brasil e Paraguai e aprofundar o entendimento sobre o papel do imperialismo inglês.


O PARAGUAI tornou-se independente em 1811, no quadro de crise do Antigo Sistema Colonial espanhol, quando da dominação napoleônica na Península Ibérica. Assim como em outras regiões da América, a elite criolla liderou o movimento, porém permaneceu vinculada à antiga ordem, mantendo seus tradicionais privilégios. A necessidade de desvincular-se das pretensões de Buenos Aires contribuiu para o inicio da formação do Estado Nacional, que tornou-se mais efetiva a partir de 1814, com a ascensão de José Rodrigues de Francia.Iniciava um governo centralizado, ditatorial. O poder concentrou-se nas mãos de El Supremo, ditador perpétuo do país. Francia iniciou uma transformação radical no país, uma vez que sua ditadura passou a apoiar-se nas camadas populares, com a eliminação da escravidão, a redução drástica do poder da Igreja Católica e com a criação das "Estâncias da Pátria", fazendas estatais, onde o trabalho era comunitário, sendo que a metade da produção ficava com o Estado; deu início ainda a organização do ensino, que em poucos anos acabaria com o nalfabetismo.Apesar da precariedade da economia do novo país, há um processo de crescimento e lentamente Francia busca a modernização: a produção agrícola aumenta e forma-se uma base de sustentação interna fora do modelo britânico, já dominante na maioria da América.Ao mesmo tempo formou-se uma grande oposição a seu governo fora do Paraguai: a antiga elite desterrada e as camadas dirigentes das nações vizinhas, particularmente a Argentina e o Brasil. O Paraguai tem, desde o início, grande dificuldade de exportar sua produção - os principais produtos eram o fumo e o erva mate - uma vez que depende do Rio da Prata, dominado pelos mercadores de Buenos Aires.Em 1840 com a morte de Francia, assume o poder Carlos Antonio Lopez, apoiado em um discurso de "modernização" e "progresso", Lopez manteve a centralização política e aprofundou o isolamento do país frente ao capital internacional. Ferrovias e pequenas industrias foram criadas com a contratação de especialistas estrangeiros e a educação continuou a ser estimulada pelo governo. "Tudo o que o Paraguai consome, ele mesmo produz".Porém essa autonomia é precária, apesar do desenvolvimento interno do país, a pobreza ainda é muito grande ( menor do que no período colonial) porém todos tinham trabalho e a alimentação básica. O enfraquecimento da Igreja em oposição ao fortalecimento do Estado; a organização de uma estrutura militar e a elevação do nível de vida, garantiam o apoio popular à ditadura. É importante lembrar ainda que a criminalidade havia praticamente desaparecido.Nessa sociedade, 80% da população era "ïndia", que passava a desfrutar dos mesmos direitos civis que possuía a população branca.Em 1862 Francisco Solano Lopez assume o lugar do pai e preserva a poítica ditatorial. Solano pretendia construir o "Grande Paraguai", porém a situação interna e externa se modificavam rapidamente e levariam o país à guerra.


O BRASIL, única monarquia na América e região que preservou a unidade territorial após a independência, vivenciou duas décadas de intensas lutas regionais ao mesmo tempo em que preservou as estruturas coloniais. O Primeiro Reinado e o Período Regencial foram marcados por grave crise, que começou a ser superada com o governo de D Pedro II, com o aumento das exportações e com a consolidação do Estado Nacional.Apesar de adotar um modelo político monárquico centralizado, o Brasil era governado pelas elites agrário exportadoras, influenciada por uma pequena elite urbana vinculada a importação e exportação e associada ao capital inglês. A maior estabilidade política verificada após 1850, deveu-se ao maior equilíbrio entre as elites regionais, que por sua vez foi possível com o aumento das exportações, principalmente de café. No entanto, se as exportações aumentavam, o mesmo acontecia com as importações, determinando um crescente déficit nas finanças do Estado. A crise econômica aprofundava-se, em grande parte devido à submissão do país ao capitalismo inglês. A Maior parte da produção agrícola era exportada para a Inglaterra, assim como a maior parte de nossas importações provinha desse país. Os investimentos em infra estrutura eram feitos por banqueiros ingleses, que ao mesmo tempo controlavam bancos e as casas de importação e exportação e emprestavam dinheiro diretamente ao Estado. Mesmo durante a ruptura de relações diplomáticas entre os dois países, as relações comerciais foram mantidas.

A ARGENTINA foi um dos primeiros "países" a proclamar sua independência, em 1810, com a formação do cabildo de Buenos Aires; no entanto, desde esse período, as lutas internas foram intensas devido aos vários interesses regionais, destacando-se principalmente a disputa entre unitaristas e federalistas, possibilitando o desenvolvimento do caudilhismo. Mesmo a existência de uma Constituição e de governos centralizadores, como a ditadura de Rosas, não conseguiram, na [prática, forjar a unidade nacional, pois os interesses regionais chocavam-se entre si e principalmente com os interesses de Buenos Aires.Essas divisões internas acabaram por facilitar a dominação econômica da inglesa. A Argentina possuia uma economia exportadora, tanto de produtos derivados da pecuária, como de generos agrícolas, e a elite da capital, ligada ao comércio, aumentou seus vínculos com o capital britânico. A visào em relação ao Paraguai era um dos poucos motivos que poderia unir os distintos interesses argentinos: Nos anos posteriores a independência, a Argentina pretendera a anexação do Paraguai, uma vez que faziam parte do mesmo território colonial - o Vice-Reino do Prata. Um raciocínio semelhante pode ser usado em relação ao Uruguai, pretendido pelos argentinos, que assim dominariam a Bacia do Prata.


O URUGUAI é normalmente tratado como um país que desenvolveu-se a partir de interesses externos. Sua localização geográfica tornava-o peça fundamental para todos que possuíam interesses no comércio platino.Depois de anos sob domínio do Brasil, o Uruguai conquistou sua independência definitiva em 1828, com o apoio da Inglaterra, com o discurso de "preservar a liberdade de navegação na bacia do Prata" procurou não só a libertação frente ao domínio brasileiro, como preserva-lo face aos interesses argentinos. Desta forma o Uruguai passou a ser visto como um "Estado tampão", separando Brasil e Argentina e garantindo a livre navegação.Apesar da independência, o território uruguaio continuou a ser cobiçado pelas "potências sul americanas": foi comum a invasão e ocupação de terras por pecuaristas gaúchos. Grande parte das atividades internas, rurais ou urbanas, desenvolveram-se a partir de empreendimentos do Barão de Mauá, se bem que, muito mais representando os interesses ingleses do que brasileiros.


A INGLATERRA é vista tradicionalmente como a grande responsável pela guerra entre o Brasil e o Paraguai. Uma das dificuldades da História é definir o peso que cabe a cada um dos interesses envolvidos, uma vez que a Inglaterra é a grande potência imperialista da época.O século XIX foi caracterizado pela Segunda Revolução Industrial, pela expansão imperialista sobre a África e Ásia e pela "divisão internacional do trabalho", fruto do imperialismo de poucas nações. A Inglaterra continuou a ser a maior potência industrial, porém passou a ter concorrentes em relação ao desenvolvimento tecnológico, necessitando garantir cada vez mais o controle sobre suas colônias e áreas de influência.Na América, os países recém independentes tinham um papel fundamental dentro dessa nova ordem capitalista, e nesse sentido, a economia paraguaia destacava-se, fugindo da órbita do imperialismo inglês.Para a Inglaterra, a preservação de suas áreas de influência era vital para a preservação de sua posição hegemônica, e para isso, os mecanismos usados foram variados, porém sempre com caráter imperialista ( Guerra do Ópio, Guerra dos Cipaios...) quando a diplomacia e o poder econômico não funcionavam, a intervenção militar direta ou indireta era o caminho usado, justificada tanto pelos interesses econômicos como pelo discurso racista, de superioridade em relação a outros povos, como por exemplo os "índios" paraguaios.






A Formação do Partido Nazista




INTRODUÇÃO


A Alemanha tornou-se um país republicano em 1918, com a fundação da República de Weimar. Até então, a história do Império e do período de divisão imposto pelo Congresso de Viena impedira o desenvolvimento das estruturas democráticas.Desde a fundação do II Reich, em 1871, a Alemanha conheceu um grande processo de desenvolvimento industrial, equiparando-se às grandes potências da época em vários setores da produção. Mas desde logo sofreu uma ruptura profunda no seu interior, entre uma classe formada pela alta nobreza e pela alta burguesia e uma classe trabalhadora que exigia também a participação no poder, o que lhe era veementemente negado.A rendição militar e a profunda crise financeira abalaram profundamente as estruturas do país, possibilitando uma rápida polarização, que na prática fez com que a República nascesse destinada a morrer. Desde o final da Guerra a preocupação da maioria dos alemães foi encontrar um culpado para a derrota. A elite militar e empresarial, os meios de comunicação, radicalizaram seu discurso autoritário e preconceituoso, no sentido de propagar a idéia de não houve uma derrota militar, mas sim um ato de traição de grande parcela da sociedade, estimulada pelos partidos de esquerda e pelos agentes do capitalismo internacional, os judeus. Acusavam ainda a Paz de Versalhes pela situação de ruína do país, imposta pelas grandes potências e aceita pelos republicanos, apresentados então como os traidores da pátria.Os conservadores de direita defendiam a reorganização da monarquia e os mais radicais propunham uma ditadura; enquanto que os grupos de esquerda criticavam as reformas republicanas como insuficientes. Desde o início caracterizou-se uma profunda polarização ideológica, com forte efeito sobre os grupos de centro e a maioria da sociedade, situação reforçada pelo constante e rápido agravamento da crise econômica.
Em 5 de janeiro de 1919 foi fundado o Partido do Trabalhador Alemão na Baviera, ao qual Hitler se associaria em setembro seguinte, tornando-se seu principal orador. Em 1920 o grupo adotou o nome Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) e definiu seu programa político, caracterizado pelo anti-semitismo, extremo nacionalismo e críticas ao capitalismo internacional. De um conjunto de 25 pontos do programa do partido, vários referem-se aos judeus, exigindo que sejam eliminados dos cargos públicos e da imprensa, exigindo uma legislação específica para os mesmos, que seriam comparados a estrangeiros. O discurso radical contra os judeus foi um dos fatores de atração sobre outros partidos de extrema direita e grupos anti-semitas; outro fator foi a capacidade retórica de Hitler e toda a encenação montada para seus discursos, e ainda a incorporação de grupos paramilitares, devido a suas relações privilegiadas com o exército.No período de 3 anos o partido cresceu de forma significativa chegando a 55 mil filiados, sendo que parte significativa eram quadros da burocracia do governo, militares e elementos da alta burguesia que enxergavam o NSDAP como uma força significativa na luta contra os grupos de esquerda.
O PUTSCH DE MUNIQUE
Inspirado no movimento fascista de Mussolini na Itália, Hitler, em novembro de 1923, organizou um golpe a partir da cidade de Munique, tendo como pano de fundo a grave crise econômica no país, onde em 3 anos os preços dos produtos haviam se multiplicado por 1000. Apesar do fracasso do movimento, projetou o partido e suas idéias em nível nacional. No julgamento realizado em 1 de abril de 24 ficou claro que os juizes simpatizavam com as idéias de Hitler, atestando "um esforço sério" e um "espírito puro e nacional" em seus objetivos. Condenado a 5 anos de prisão, ficou detido por apenas 8 meses. Durante esse período deu início a sua obra "Mein Kampf", definindo sua doutrina. O número de votos do partido diminuiu nas eleições seguintes e Hitler foi proibido de discursar em várias províncias alemãs. No entanto perceberemos que estas conseqüências negativas se expressarão por um curto período. A partir de então o partido considera que é necessário conquistar o poder pela via legal, apesar de não abrir mão do uso da força. A institucionalização do partido foi marcada por sua presença cada vez maior nas associações já existentes na sociedade civil e pelo desenvolvimento do culto à personalidade, tendo a figura do Führer como o centro das atenções. Percebe-se a importância do "líder" na própria organização interna: organiza-se a juventude Hitleriana e não a juventude nazista.Apesar de toda a propaganda exercida pelo partido, tanto dos conceitos anti-semitas, como da figura do líder, sua votação na década de 20 manteve-se constante. Até 1929, apesar da crise, setores da economia apresentavam sinais de recuperação, fruto dos investimentos de grupos norte-americanos. Essa situação modificou-se completamente após a crise de 29. De setembro de 29 para setembro do ano seguinte o número de desempregados triplicou.
OS EFEITOS DA CRISE DE 29
O processo eleitoral de 1930 foi fortemente influenciado pelos efeitos da crise econômica. O Partido Nazista reforçou sua ação propagandística baseada no ataque aos "inimigos do povo alemão", numa referência principalmente aos judeus, ao mesmo tempo em que realizou ações concretas, como a doação de sopa aos pobres e manteve a violência de seu grupo paramilitar contra as associações e partidos de esquerda. Os nazistas procuravam reforçar a imagem de modernidade tecnológica, de decisão e de ativismo jovem.Ao mesmo tempo as forças democráticas e republicanas entram em crise. Destaca-se cada vez mais a figura de Alfred Hugenberg, o magnata da imprensa alemã, representando a direita conservadora, responsável por forte oposição à república.
Nas eleições para a assembléia Nacional, assim como nas eleições nas províncias, o partido de Hitler amplia sua votação, em detrimento dos partidos políticos de centro. O poder estava nas mãos do marechal Hindenburg, monarquista tradicional que, com uma política dúbia, evita a ascensão de Hitler, mas ao mesmo tempo abre caminho para que os grupos conservadores se consolidem no poder. Essa política fica clara com a nomeação de Franz von Papen como chanceler, que organiza um ministério formado por nobres, sem filiação partidária, porém anti-republicanos. As principais medidas do novo governo permitem perceber sua política: Deposição do governo social democrata liderado por Otto Braun na Prússia, permissão para a reorganização da SA; dissolução do Parlamento e eliminação das convenções coletivas de trabalho.Em 2 semanas ocorrem duas eleições para o Parlamento e von Papen não consegue maioria. A crise institucional mais uma vez beneficia Hitler e seu discurso antidemocrático. Em 30 de janeiro de 1933 o presidente Hindenburg entrega o poder a Hitler. Na prática essa foi a forma que os mais variados grupos conservadores, representando diversos setores da elite encontraram para preservar seus privilégios, recuperar o poder e instaurar um Estado autoritário. Não só a elite apoiou a ascensão do Führer, grande parcela da sociedade o fez, refletindo as incertezas da situação de miséria que se ampliava no país, como os efeitos da propaganda anti-semita, reforçada desde o final da Primeira Guerra

CIDADES GREGAS

O Período Arcaico da história grega ( séculos VIII VI a. C.) caracterizou-se pela formação e desenvolvimento das cidades-Estado. Formaram-se aproximadamente 160 cidades em território grego e, a princípio a característica mais marcante foi a soberania de cada uma delas. A cidade soberana é aquela que possui seu próprio governo, leis e não possui nenhuma estrutura política acima dela. A cidade funciona como se fosse um pequeno país. Tratar da Grécia Antiga neste período significa portanto conhecer o desenvolvimento das cidades. Não havia na Antigüidade um Estado Grego ou um governo grego, mas apesar disso podermos nos referir a uma cultura, religião ou a um povo grego; grande parte das cidades formaram-se com elementos étnicos semelhantes: Jônios, Aqueus e Eólios além disso formaram-se dentro de um mesmo contexto histórico, quando da crise da sistema gentílico e tiveram um desenvolvimento semelhanteA religião politeísta "mitológica" e os Jogos Olímpicos também foram um fator de união entre gregos.
Esparta
No final do século VI a.C., depois da conquista da Messênia, o Estado espartano completou sua organização, transformando-se em verdadeiro "acampamento militar". As Instituições sócio-políticas espartanas foram atribuídas a um legislador lendário, Licurgo, que teria recebido as instruções do deus Apolo. Várias das instituições atribuídas a Licurgo já existiam desde há muito, mas adaptaram-se aos novos tempos, servindo para manter o corpo de cidadãos como uma minoria dominante, que se sobrepunha e explorava uma população camponesa numerosa.Havia em Esparta três camadas sociais bem diferenciadas, que viviam em territórrios separados e cuja origem ainda é bastante discutida. Os espartanos ou esparcíatas eram a classe dominante, formada provavelmente pelas famílias dos conquistadores dórios. Estavam proibidos de se dedicarem à agricultura, ao comércio ou a qualquer outra atividade que não fosse a política e a guerra: eram verdadeiros soldados profissionais. Embora cada família espartana possuísse hereditariamente um lote de terra, o kleros, cultivado por servos, os hilotas, era o Estado que administrava a produção econômica. Por essa razão convencionou-se chamar o regime econômico de Esparta de hilotismo, para acentuar as diferenças entre o escravismo praticado na quase totalidade do mundo grego e a escravidão pública que caracterizou o regime espartano. Tanto as terras quanto os hilotas pertenciam ao Estado: o cidadão espartano não podia vender, nem ceder, nem legar por herança o kleros, a não ser ao filho mais velho, assim como não podia vender os hilotas. A princípio havia igualdade entre os espartanos quanto à posse da riqueza, mas, aos poucos, os homoi (iguais), mais ricos e poderosos, foram se distinguindo dos hipomeiônios (menos ricos). Apenas os espartanos possuíam direitos políticos, e, como já dissemos, formavam uma minoria - a quinta parte da população.A segunda camada social era formada pelos periecos (os da periferia, composta por populações livres, porém sem direitos políticos, embora lhes coubesse administrar as comunidades, fora da cidade de Esparta; onde viviam. Por muito tempo foram considerados prováveis descendentes dos aqueus que se haviam submetido, sem oporem grande resistência aos conquistadores; hoje, admite-se que também famílias dóricas, juntamente com famílias aqueanas, integrassem a camada dos periecos. Eram camponeses, comerciantes e artesãos, podendo possuir terras e bens móveis; gozavam de certa autonomia, vigiada ; por funcionários espartanos, os Harmostes, e eram obrigados a pagar tributos. 0 casamento entre espartanos e periecos era proibido. Serviam no exército em unidades à parte, pois o serviço militar lhes era obrigatório.A última camada social era composta pelas populações dominadas e reduzidas à escravidão pública: os hilotas. Eram a massa da população trabalhadora, que habitava nas terras que o Estado havia conquistado. "Cada kleros era cultivado por várias famílias de hilotas que com seu trabalho sustentavam o proprietário e sua família. O que distinguia, em primeiro lugar, os hilotas dos escravos de outros Estados gregos é que eles eram propriedade do Estado, escravos públicos, como os chamam os autores antigos; além disso, ainda que estivessem ligados ao principal meio de produção - a terra - guardavam certa autonomia econômica que os assemelha aos servos. Cultivavam a terra do proprietário espartano com suas ferramentas e pagavam uma renda anual fixa (apófora) in natura : trigo, vinho, queijo, azeite. Como essa renda constituía cerca de metade do rendimento do solo, o resto era suficiente apenas para sustentar algumas famílias hilotas, sem falar nas carências devido às más colheitas. Contrariamente aos escravos de outros Estados, os hilotas iam muitas vezes à guerra, como escolta, carregadores, criados. Sua vida era tão dura que o poeta espartano, Tirteu (século VII a. C.) os compara a "asnos sobrecarregados" (DIAKOV, ,V. e KOVALEV, S.,op. cit., págs. 338 e 339.). Suas revoltas eram freqüentes, ó que colocava os dominadores espartanos sob constante ameaça. Para prevenir essas revoltas, os espartanos exerciam, anualmente, matanças de hilotas nas aldeias; realizadas por jovens espartanos, as críptias constituíam também uma das etapas da educação dos futuros cidadãos. Na verdade, toda a sociedade e a educação espartanas estavam voltadas para a guerra. "Espero que meu filho volte com seu escudo ou deitado sobre ele", é uma das frases atribuídas às mães espartanas e que caracteriza, de modo exemplar, os costumes belicososdaquela sociedade. Nesse tipo de organização social, o exército tinha importância fundamental. Era sobre ele que assentava a ordem interna e a defesa, externa. Os hoplitas (soldados).
Atenas
Atenas foi fundada na região da Ática, próxima ao litoral, no século VIII a.C. em torno de uma colina fortificada, onde encontrava-se o Palácio do rei (Basileu) e o templo, constituindo a Acrópole. A sociedade ateniense dividia-se em três classes sociais, sendo que os eupátridas formavam a aristocracia rural, dona das melhores terras que, diferente de Esparta, eram consideradas propriedade individual, e que monopolizavam o poder político, tanto no período monárquico, como durante o arcontado, forma aristocrática de governo composta por nove arcontes, quando mantiveram a grande maioria da população marginalizada das discussões políticas.Os georgóis formavam uma segunda camada social, composta a princípio por pequenos proprietários rurais, que trabalhavam com seus familiares e produziam para a subsistência. Muitos desses homens foram reduzidos à condição de servos e de escravos, juntamente com mulher e filhos e podiam inclusive serem vendidos ao estrangeiro.Os demiurgos formavam a terceira camada social, eram artesãos e viviam do próprio trabalho, porém normalmente em uma situação de pobreza. Havia ainda os metecos, estrangeiros, normalmente comerciantes e sem direitos políticos.Os thetas formavam a camada inferior, eram trabalhadores braçais, camponeses, marginalizados econômica e politicamente. A produção de excedente, fez com que a situação dessa camada se deteriorasse, pois em Atenas desenvolveu-se a escravidão por dívida.A concentração fundiária, a cunhagem de moeda e a colonização do Egeu, e a marginalização de georgóis e thetas foram os fatores responsáveis pelo acirramento da luta de classes, processo que determinou a criação da democracia na cidade. A passagem do arcontado para a democracia foi fruto portanto da luta contra os privilégios da minoria eupátrida, sendo que esse processo completou-se cerca de um século depois.Os confrontos políticos possibilitaram o surgimento de líderes que tentaram golpes como forma de ascensão política. Como essas lutas ameaçavam não só o poder político dos eupátridas, mas inclusive a propriedade, a aristocracia foi forçada a ceder às exigências de concessão de leis escritas, nomeando o arconte Drácon para redigir um código de leis. Essas reformas porém mantiveram a escravidão por dívida e os privilégios da elite, fatos que determinaram a continuidade dos confrontos, até a eleição de Sólon para o arcontado. As reformas promovidas por esse legislador foram maiores: abolição da escravidão por dívidas, a libertação de todos os devedores escravizados o favorecimento a produção artesanal e ao comércio e a instituição de uma nova forma de participação política, baseada na riqueza, denominada Timocracia.Essas reformas desagradaram tanto a elite que perdeu privilégios, como os thetas que obtiveram poucas conquistas, acirrando ainda mais a luta de classes, favorecendo o advento da Tirania.Tirano é o nome dado aos governantes que chegaram ao poder através de golpes e exercem um governo pessoal. Considera-se que a tirania acabou sendo responsável por abrir caminho para o surgimento da democracia, pois o tirano para poder manter o poder, teve que atrair as camadas populares, dando-lhes maior organização e consistência e ao mesmo tempo enfraqueceu a elite, perseguida, sendo que vários aristocratas tiveram propriedades confiscadas ou foram expulsos da cidade. No entanto, a transição para a democracia não foi um processo natural. Os tiranos foram derrubados pela elite, que inclusive contou com o apoio de Esparta. No entanto a situação de Atenas caracterizava-se pela decadência: declínio da produção, marginalização dos thetas, conquista persa sobre as colônias da Ásia Menor e a presença dos espartanos em apoio a elite. Foi neste contexto que ocorreu uma grande revolta liderada por Clístenes, que instituiu a democracia na cidade.As reformas de Clístenes tiveram como objetivo eliminar o controle da aristocracia sobre o poder político. A cidadania foi concedida a um número maior de indivíduos, porém ainda restrita a uma minoria: Homens, livres, maiores de18 anos, nascidos em Atenas e filhos de pais ateniense. Instituiu o Ostracismo, processo que permitia a expulsão de um cidadão da cidade por um período de dez anos, sendo que o nome de pessoas consideradas nocivas a cidade eram escritas em um pedaço de argilaA Democracia Ateniense era uma democracia escravista, o trabalho escravo continuava a ser a base da vida econômica e sua exploração tendeu a aumentar.